Frase da semana

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O horário nobre: uma apologia à promiscuidade


Everton Marques de Carvalho[1]

Já se teve tempos benignos na televisão brasileira, mas isso foi em épocas passadas. O Brasil é o país onde mais se produz telenovelas em todo o mundo, e nisso é internacionalmente reconhecido como o país melhor que o faz. Mas houve tempos em que as novelas tratavam especialmente da cultura, do modo de vida do brasileiro. Cada autor escolhe seu cenário, uns preferem as áreas de classe média, outros retratam as Elites burguesas, há os que retratam a vida no campo, outros retratam as cidades, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, tem os que retratam cidades pacatas do interior, os contemporâneos e os que produzem novelas de época. Mas o Brasil sabe fazer telenovela.
Os temas variam de acordo com época, cenário e conjunto de personagens. Mas as duas últimas décadas têm presenciado um fato comum nas telenovelas brasileiras, a família ficou em segundo plano, os casais se desmancham e o adultério reina e o público fica a desejar o desmantelamento de lares. Os entorpecimentos e as orgias tomam conta do horário nobre, permitem que verdadeiras crianças, jovens que ainda não debutaram, presenciem a promiscuidade que a televisão brasileira produz.
O horário pós-telenovela, que é dedicado ao cinema, ao esporte e ao humor. No ano 2002, com a compra do Reality Show Big Brother Brasil o Brasil ganhou uma nova conotação de sucesso pessoal, ao proporcionar que pessoas anônimas tivessem na tela da maioria dos televisores brasileiros, tendo audiência Durante três meses, período em que na precisam fazer o mínimo esforço para garantir o sustento. Estas pessoas então passaram a ser  vistas como o modelo de sucesso. Para a juventude brasileira a principal meta estabelecida passou a ser entrar ara o BBB.
A princípio um programa inocente, onde oito casais são colocados em uma casa totalmente desligados do mundo exterior tendo 190 milhões de olho fixos no que eles estão fazendo, sai um participante por semana e no final um deles leva o prêmio de 1 milhão de reais. Mas a TV Responsável pelo programa escolhe as cenas que chagarão a telespectador, e estes escolhem quem fica ou que sai. Se a TV quer tirar alguém, é só colocar no ar os pontos negativos dessa pessoa, e suprimir os pontos negativos. E é assim que é feito.
Um programa de televisão com gente jovem e bonita, que por um curto período são o objeto de desejo de todo um país. Esse é o poço dos desejos das revistas de conteúdo adulto. As duas edições anteriores tiraram do anonimato prostitutas e atrizes pornográficas, o que chamou mais ainda atenção para o programa. Antes da 5ª edição do programa, causava  espanto uma participante mostra-se para uma revista masculina. Nesta, que é a décima edição, além do festival de pederastia, as participantes biologicamente femininas já se preocupam com a quantidade de revistas masculinas que será vendida quando elas voluntariamente mostrarem suas vergonhas.
Que impactos declarações e situações como estas causam na sociedade brasileira. Seria heterofóbico fazer uma apologia à pederastia, mas o que se prega todas as noites no canal 11 durante o horário nobre é o ápice da depreciação sócio-cultural brasileira. Ou seja, o ideal do homem é ser pederasta e o ideal da mulher é mostrar suas intimidades aos tarados de plantão (que compram as revistas masculinas e sustenta a indústria da promiscuidade). O horário nobre tem se tornado o ponto mais profundo do mar de promiscuidade e imoralidades que a televisão brasileira se transformou.


[1] Graduando em História pela UFRB, graduando em Pedagogia pela Faculdade Adventista da Bahia; e-mail: everton.mdecarvalho@yahoo.com.br

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Em casa de ferreiro, espeto é de pau


Everton Marques de Carvalho[1]

Foi veiculada nos jornais escritos e falados que o número de militares brasileiros mortos no Haiti ultrapassa duas dezenas, nada contra. As vidas ceifadas de nossos heróis nada fizeram além de enaltecer a pátria. Os bravos heróis entregaram suas vidas em nome de outras vidas, salvaram milhares da destruição física e moral, livraram-nas da criminalidade, deram ao Haiti a chance de ver à linha do horizonte  a possibilidade mudança, o sentimento de tristeza toma conta de peitos civis ao saber que militares brasileiros deram a vida em missão de paz, na tentativa de irar do Exército Brasileiro a macha branca da Opressão (1964-1984).
Mas, porque “Em casa de ferreiro, espeto de pau”? Porque vidas inocentes, que poderiam ser salvas são perdidas diariamente, nas favelas do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Vidas brasileiras que se perdem em uma guerra civil não declarada do banditismo, que num ato de extrema “burrice” luta entre si, em poder dos pontos de comércio de drogas ilícitas. O Estado brasileiro sempre foi montado nas barbas da burguesia dominante, e esta finge que se une ao Estado no combate ao banditismo.
Mas essa burguesia que se esconde atrás de muros altos, cercas elétricas e guaritas blindadas, e finge combater o banditismo, o faz apenas em campanhas publicitárias. Anunciam na mídia nacional reclames horrendos distanciando-se da árvore do tráfico, colocando as vítimas oprimidas, os favelados como os agentes do comércio de entorpecentes. Hoje as drogas ilícitas mais caras, as que movimentam mais ainda a árvore do tráfico ilegal, se mostram presentes nas festas em bares freqüentados pelos filhos dessa burguesia dominante.
Essa burguesia dominante faz, de maneira forçosa, com que as vidas dos que deveriam promover a paz internamente se ceifem em missões como esta no Haiti, em Serra Leoa ou em Timor Leste. Mas se esquecem que as maiores cidades brasileiras se encontram em uma guerra sangrenta, que mata mais que o conflito árabe-israelense. A burguesia prefere passar ma imagem de compadecida para com os países pobres e neo colonizados do “Terceiro Mundo”.
A violência nas favelas das capitais brasileiras já chamou atenção da ONU, que cogitou fazer no Brasil o mesmo que o Brasil faz no Haiti. Deve-se pensar no porque de o Brasil não pacificar seus territórios, aliviar as tensões internas, e só depois aliviar as tensões dos outros. O banditismo brasileiro é burro, pois deveria combater essa burguesia que segrega os oprimidos em favelas, criando campos de concentração, onde os marginalizados se matam, poupando da polícia e das forças armadas esse papel.
O que o Exército Brasileiro deveria estar fazendo é intervir nas favelas, eliminar  as milícias. Mas o que deveria ser feito para resolver de vez esse conflito era eliminar essa burguesia que de várias formas financia essa guerra, que a Polícia tenta em vão combater, e os que deveriam combater, se mostram de embaixadores apaziguando o caos causados por outros. São ferreiros que se orgulha de terem em suas casas espetos de pau.


[1] Graduando em História pela UFRB, graduando em Administração pela Faculdade Adventista da Bahia; e-mail: evertoncarvalho001@gmail.com