Everton Marques de Carvalho[1]
Já se teve tempos benignos na televisão brasileira, mas isso foi em épocas passadas. O Brasil é o país onde mais se produz telenovelas em todo o mundo, e nisso é internacionalmente reconhecido como o país melhor que o faz. Mas houve tempos em que as novelas tratavam especialmente da cultura, do modo de vida do brasileiro. Cada autor escolhe seu cenário, uns preferem as áreas de classe média, outros retratam as Elites burguesas, há os que retratam a vida no campo, outros retratam as cidades, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, tem os que retratam cidades pacatas do interior, os contemporâneos e os que produzem novelas de época. Mas o Brasil sabe fazer telenovela.
Os temas variam de acordo com época, cenário e conjunto de personagens. Mas as duas últimas décadas têm presenciado um fato comum nas telenovelas brasileiras, a família ficou em segundo plano, os casais se desmancham e o adultério reina e o público fica a desejar o desmantelamento de lares. Os entorpecimentos e as orgias tomam conta do horário nobre, permitem que verdadeiras crianças, jovens que ainda não debutaram, presenciem a promiscuidade que a televisão brasileira produz.
O horário pós-telenovela, que é dedicado ao cinema, ao esporte e ao humor. No ano 2002, com a compra do Reality Show Big Brother Brasil o Brasil ganhou uma nova conotação de sucesso pessoal, ao proporcionar que pessoas anônimas tivessem na tela da maioria dos televisores brasileiros, tendo audiência Durante três meses, período em que na precisam fazer o mínimo esforço para garantir o sustento. Estas pessoas então passaram a ser vistas como o modelo de sucesso. Para a juventude brasileira a principal meta estabelecida passou a ser entrar ara o BBB.
A princípio um programa inocente, onde oito casais são colocados em uma casa totalmente desligados do mundo exterior tendo 190 milhões de olho fixos no que eles estão fazendo, sai um participante por semana e no final um deles leva o prêmio de 1 milhão de reais. Mas a TV Responsável pelo programa escolhe as cenas que chagarão a telespectador, e estes escolhem quem fica ou que sai. Se a TV quer tirar alguém, é só colocar no ar os pontos negativos dessa pessoa, e suprimir os pontos negativos. E é assim que é feito.
Um programa de televisão com gente jovem e bonita, que por um curto período são o objeto de desejo de todo um país. Esse é o poço dos desejos das revistas de conteúdo adulto. As duas edições anteriores tiraram do anonimato prostitutas e atrizes pornográficas, o que chamou mais ainda atenção para o programa. Antes da 5ª edição do programa, causava espanto uma participante mostra-se para uma revista masculina. Nesta, que é a décima edição, além do festival de pederastia, as participantes biologicamente femininas já se preocupam com a quantidade de revistas masculinas que será vendida quando elas voluntariamente mostrarem suas vergonhas.
Que impactos declarações e situações como estas causam na sociedade brasileira. Seria heterofóbico fazer uma apologia à pederastia, mas o que se prega todas as noites no canal 11 durante o horário nobre é o ápice da depreciação sócio-cultural brasileira. Ou seja, o ideal do homem é ser pederasta e o ideal da mulher é mostrar suas intimidades aos tarados de plantão (que compram as revistas masculinas e sustenta a indústria da promiscuidade). O horário nobre tem se tornado o ponto mais profundo do mar de promiscuidade e imoralidades que a televisão brasileira se transformou.
[1] Graduando em História pela UFRB, graduando em Pedagogia pela Faculdade Adventista da Bahia; e-mail: everton.mdecarvalho@yahoo.com.br