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A manifestação popular é a legitimação da democracia (Dilma Roussef)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Sobre a atual situação política da Bahia


Os novos ventos começaram a soprar na Bahia em 2007 com a eleição de um governo de tendência esquerdista para o estado, o golpe final no Carlismo logo teve seu preço a ser pago. O que nos primeiros anos soou ser foi tudo como de bom grado, tempos de bonança logo se mostrou um verdadeiro caos. Pois assim que as classes trabalhadoras viram que o que estava acontecendo era nada mais que o mesmo das décadas anteriores, que a face do Carlismo tinha apenas mudado.

O governo que prometia fazer mais por quem mais precisava nada fez para beneficiar os prometidos, apenas aos seus financiadores. Basta recordar as grandes obras empreendidas pelo estado desde verdadeiros elefantes brancos que apenas enriquecem os grandes empresários do estado. Rotas são criadas de modo que parecem viáveis, como a Rodovia Trans Sertaneja, que promete ligar as cidades de Barreiras e Juazeiro, como desculpa para melhor escoar a produção de grãos do Oeste do estado, que segue de caminhão para Salvador e é consumida no próprio estado, enquanto a proposta da rodovia é levar a produção para o pólo exportador que é Juazeiro e Petrolina.
O mesmo se diz de outros elefantes brancos, como a Ferrovia Leste-Oeste, que liga Barreiras ao porto de Ilhéus, visando levar a produção para o litoral sul, uma vez que também se torna obsoleta. A única ressalva é a estapafúrdia proposta de construir uma ponte ligando Salvador à Ilha de Itaparica, que logo foi rejeitada, pois os grandes empresários que arremataram e sucatearam o Ferri Boat alegaram terem grande prejuízo caso tal obra fosse executada, entre a cruz e a espada nossos governantes preferiram deixar o povo sofrendo horas nas filas para ter direito a poucos minutos de um descanso digno no outro lado da baía.
O caráter direitista de nossos governos tem sido auto-relevado pelas suas atitudes de beneficiar burgueses e latifundiários enquanto a classe trabalhadora sobrevive quando possível com um salário que malmente lhes permitem suprir as necessidades essenciais para uma vida nem sempre digna. Tudo o que é pensado acerca de execução de medidas tem como finalidade o benefício de pessoas que não os trabalhadores.
2012 tem sido uma verdadeira temporada de greves, polícia, rodoviários, professores, e por aí vai. Quando se deram as paralisações de policiais e rodoviários, o Estado (governo) logo tratou de aparentar sanar as necessidades das classes para que voltassem ao trabalho, e assim os empresários ligados ao comércio e ao carnaval não tivessem um maior prejuízo em suas empresas. Quando foi a vez dos professores, nada foi feito, nem promessas que jamais serão cumpridas como se deu com militares e rodoviários. Estamos a 106 dias com a maioria das escolas fechadas e algumas poucas, por serem geridas por militantes, ou beneficiados pelo Partido dos Trabalhadores voltaram às atividades.
No mais as escolas são aparelhos que possuem um custo operacional relativamente alto, estando fechadas dispensam limpeza, contas de água, luz e telefone, não há custo como merenda escolar e há um sensível corte nos salários dos servidores, sendo assim é mais vantajoso para o Estado que os educadores fiquem parados. Ao mesmo há uma preocupação com a reputação do governo, uma vez que a notícia se espalhou e o governo estava mal na foto.
A política a ser utilizada então foi a da resistência passiva, ou seja, vencer pelo cansaço. O governo nada faz enquanto a classe não volver aos trabalhos enquanto os trabalhadores têm salários cortados e esperam que seus desejos sejam atendidos, como não há grandes empresários financiando a educação, e não há risco que os clientes do governo percam seus investimentos, a coisa continua como está, não havendo possibilidade de negociação entre estado e trabalhadores.
Trata-se de uma jogada ideológica que o Brasil, cunhada em uma mentalidade colonial dominante que defende a tosca ideia de que o povo, as camadas populares, as classes trabalhadoras devem ser privadas de direitos essenciais, para que as classes dominantes sejam beneficiadas por eles. Parte dessa mentalidade diz que as escolas para os trabalhadores devem ser as piores possíveis, a fim de que eles não tenham um conhecimento além do necessário para que contribuam para o bem-estar das classes dominantes. É obvio que nada foi feito pelo Estado (além de silenciar-se), porque esse movimento grevista é a concretização do que os governantes e seus clientes desejam, um povo burro, que conhece apenas o necessário para enriquecê-los, como dizem. Nada tem sido feito porque a descendência de tais governantes estudam nas melhores escolas da Bahia, ou de fora dela, desfrutam das melhores universidades do país ou de outros países, garantindo-lhes a melhor formação possível sem greves ou coisas parecidas.
Assim como a perda da prefeitura de salvador em 2004 foi um duro golpe para o carlismo, o pleito de outubro pode ser um indicador para o pleito de 2014. E por falar em 2014, quantas obras faraônicas estão sendo feitas para a Copa do Mundo, será que construções a serem usadas em apenas um mês, isso as que forem utilizadas mais de uma vez, é mais importante do que escolas e hospitais? É hora de responder nas urnas: o Carlismo autoritário e burguês de maneira escancarada ou o Petismo que se diz esquerdista, requintes de ditadura?
Está na hora de o povo atentar e perceber que não dá mais para aceitar tais formas de governar, e já passou da hora de os governantes pensaram que o povo é idiota ou coisa parecida, que se contenta com qualquer coisa, está na hora de incluir o Auxílio Óleo de Peroba, ou mesmo de vergonha na cara de tais facínoras, que se utilizam da esperança de um povo sofrido e carente para beneficiar-se com as benesses da máquina administrativa.
Do jeito que vai, a Bahia está longe de ser a “Terra do todos nós”, ou se é, deve-se perguntar quem faz parte do “nós”, pois este que vos escreve não se vê incluído de maneira alguma nas formas de governar do Partido dos Trabalhadores na Bahia.

Everton Marques de Carvalho, pondo o dedo na ferida.

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