Os novos
ventos começaram a soprar na Bahia em 2007 com a eleição de um governo de
tendência esquerdista para o estado, o golpe final no Carlismo logo teve seu
preço a ser pago. O que nos primeiros anos soou ser foi tudo como de bom grado,
tempos de bonança logo se mostrou um verdadeiro caos. Pois assim que as classes
trabalhadoras viram que o que estava acontecendo era nada mais que o mesmo das
décadas anteriores, que a face do Carlismo tinha apenas mudado.
O governo que
prometia fazer mais por quem mais precisava nada fez para beneficiar os
prometidos, apenas aos seus financiadores. Basta recordar as grandes obras
empreendidas pelo estado desde verdadeiros elefantes brancos que apenas
enriquecem os grandes empresários do estado. Rotas são criadas de modo que
parecem viáveis, como a Rodovia Trans Sertaneja, que promete ligar as cidades
de Barreiras e Juazeiro, como desculpa para melhor escoar a produção de grãos
do Oeste do estado, que segue de caminhão para Salvador e é consumida no
próprio estado, enquanto a proposta da rodovia é levar a produção para o pólo exportador
que é Juazeiro e Petrolina.
O mesmo se diz
de outros elefantes brancos, como a Ferrovia Leste-Oeste, que liga Barreiras ao
porto de Ilhéus, visando levar a produção para o litoral sul, uma vez que
também se torna obsoleta. A única ressalva é a estapafúrdia proposta de
construir uma ponte ligando Salvador à Ilha de Itaparica, que logo foi
rejeitada, pois os grandes empresários que arremataram e sucatearam o Ferri
Boat alegaram terem grande prejuízo caso tal obra fosse executada, entre a cruz
e a espada nossos governantes preferiram deixar o povo sofrendo horas nas filas
para ter direito a poucos minutos de um descanso digno no outro lado da baía.
O caráter direitista
de nossos governos tem sido auto-relevado pelas suas atitudes de beneficiar
burgueses e latifundiários enquanto a classe trabalhadora sobrevive quando possível
com um salário que malmente lhes permitem suprir as necessidades essenciais
para uma vida nem sempre digna. Tudo o que é pensado acerca de execução de
medidas tem como finalidade o benefício de pessoas que não os trabalhadores.
2012 tem sido
uma verdadeira temporada de greves, polícia, rodoviários, professores, e por aí
vai. Quando se deram as paralisações de policiais e rodoviários, o Estado
(governo) logo tratou de aparentar sanar as necessidades das classes para que voltassem
ao trabalho, e assim os empresários ligados ao comércio e ao carnaval não
tivessem um maior prejuízo em suas empresas. Quando foi a vez dos professores,
nada foi feito, nem promessas que jamais serão cumpridas como se deu com
militares e rodoviários. Estamos a 106 dias com a maioria das escolas fechadas
e algumas poucas, por serem geridas por militantes, ou beneficiados pelo
Partido dos Trabalhadores voltaram às atividades.
No mais as
escolas são aparelhos que possuem um custo operacional relativamente alto,
estando fechadas dispensam limpeza, contas de água, luz e telefone, não há
custo como merenda escolar e há um sensível corte nos salários dos servidores,
sendo assim é mais vantajoso para o Estado que os educadores fiquem parados. Ao
mesmo há uma preocupação com a reputação do governo, uma vez que a notícia se
espalhou e o governo estava mal na foto.
A política a
ser utilizada então foi a da resistência passiva, ou seja, vencer pelo cansaço.
O governo nada faz enquanto a classe não volver aos trabalhos enquanto os
trabalhadores têm salários cortados e esperam que seus desejos sejam atendidos,
como não há grandes empresários financiando a educação, e não há risco que os
clientes do governo percam seus investimentos, a coisa continua como está, não
havendo possibilidade de negociação entre estado e trabalhadores.
Trata-se de
uma jogada ideológica que o Brasil, cunhada em uma mentalidade colonial
dominante que defende a tosca ideia de que o povo, as camadas populares, as
classes trabalhadoras devem ser privadas de direitos essenciais, para que as
classes dominantes sejam beneficiadas por eles. Parte dessa mentalidade diz que
as escolas para os trabalhadores devem ser as piores possíveis, a fim de que
eles não tenham um conhecimento além do necessário para que contribuam para o bem-estar
das classes dominantes. É obvio que nada foi feito pelo Estado (além de
silenciar-se), porque esse movimento grevista é a concretização do que os
governantes e seus clientes desejam, um povo burro, que conhece apenas o necessário
para enriquecê-los, como dizem. Nada tem sido feito porque a descendência de
tais governantes estudam nas melhores escolas da Bahia, ou de fora dela,
desfrutam das melhores universidades do país ou de outros países, garantindo-lhes
a melhor formação possível sem greves ou coisas parecidas.
Assim como a
perda da prefeitura de salvador em 2004 foi um duro golpe para o carlismo, o
pleito de outubro pode ser um indicador para o pleito de 2014. E por falar em
2014, quantas obras faraônicas estão sendo feitas para a Copa do Mundo, será
que construções a serem usadas em apenas um mês, isso as que forem utilizadas
mais de uma vez, é mais importante do que escolas e hospitais? É hora de
responder nas urnas: o Carlismo autoritário e burguês de maneira escancarada ou
o Petismo que se diz esquerdista, requintes de ditadura?
Está na hora
de o povo atentar e perceber que não dá mais para aceitar tais formas de
governar, e já passou da hora de os governantes pensaram que o povo é idiota ou
coisa parecida, que se contenta com qualquer coisa, está na hora de incluir o Auxílio
Óleo de Peroba, ou mesmo de vergonha na cara de tais facínoras, que se utilizam
da esperança de um povo sofrido e carente para beneficiar-se com as benesses da
máquina administrativa.
Do jeito que
vai, a Bahia está longe de ser a “Terra do todos nós”, ou se é, deve-se
perguntar quem faz parte do “nós”, pois este que vos escreve não se vê incluído
de maneira alguma nas formas de governar do Partido dos Trabalhadores na Bahia.
Everton
Marques de Carvalho, pondo o dedo na ferida.
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