Frase da semana

A manifestação popular é a legitimação da democracia (Dilma Roussef)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um país que declara guerra aos miseráveis

Por Jodinaldo de Lucena  Sobrinho

        Quando os escravos decidiram por sua liberdade, resistindo durante décadas, no Quilombo dos Palmares, as forças repressoras a serviço de Portugal, desfecharam brutal ataque contra os negros. Os senhores de engenho não toleravam que escravos negros tivessem direito de lutar pela sua liberdade, deviam viver recatadamente sob estupros, cacetadas e chicotes. A história do Brasil está cheia de relatos de construção de núcleos de povoamento como focos de resistência.    
            Os sertanejos, cansados de ter seu gado roubado pelos coronéis, suas terras serem tomadas, de sofrerem os abusos cometidos pela polícia dos latifundiários, levantaram sua própria cidade em 1893 (O Belo Monte), seu nome entraria para a história como ‘’Arraial de Canudos’’, atribuído pelos inimigos. A intelectualidade do país argumentava que era uma ‘’raça inferior’’, gente suja, fanática, pobre e analfabeta. A burguesia não aceitava que sertanejos vivessem trabalhando para sustentar a si mesmo e suas famílias, deveriam viver sob os ditames dos coronéis. A heróica resistência de Canudos, impondo várias derrotas às forças regulares do exército, pôde demonstrar que um povo humilde do sertão pode sonhar, lutar e impor derrotas humilhantes aos opressores. O Arraial de Canudos foi destruído pelo governo brasileiro, mas a luta dos sertanejos não acabou.
            Os moradores das favelas vivem hoje sob intensa violência policial. A juventude pobre não tem perspectivas de futuro, desempregada, mal instruída, não lhes restando outra alternativa a não ser engrossar as celas das penitenciárias ou a de serem vítimas de um homicídio.  O fato é que ser jovem, pobre e desemprego no Brasil é considerado crime pela polícia. A maior parte das vítimas de homicídio se encaixa neste perfil. Seria apenas mera coincidência?
            A ideologia do ‘’vagabundo’’, ‘’marginal’’ serve como subterfúgio para condenar os que vivem na desgraça, aliás, na história deste país os que vivem na desgraça sempre foram os culpados por tudo. A mídia justifica os crimes cometidos pela chamada força pública e endeusa como mártires, (‘’heróis’’) aqueles que tombaram matando muitos ‘’vagabundos’’. Cria-se a imagem de que os habitantes das periferias são perigosos, dali surgem os ‘’inimigos da sociedade’’ e não se fala da violência que a sociedade causa todos os dias aos moradores das favelas!
            Os filhos dos pobres são aqueles que estudam nas piores escolas públicas, conhecem de perto a fome, discriminação, desrespeito e violência. As escolas públicas estão abandonadas, de nada servem na preparação intelectual da juventude, que não pode entender para que serve uma escola que não lhes ensina nada a não ser tomar seu tempo de vida. É por isso que os alunos já entram na escola pensando no horário de saída, por que essa escola é um fardo, é anticientífica. O ensino brasileiro é legitimador de preconceitos, ideologicamente a serviço da classe dominante e embrutecedor das faculdades mentais.  
           
A ‘’escória’’ do sistema é jogada nos campos de concentração
            As prisões brasileiras são campos de concentração capazes de causar horror a qualquer nazista, deixando-lhes o cabelo arrepiado. São jovens que não terminaram o ensino fundamental constituindo maioria da população carcerária. A parcela considerada perigosa é jogada nas piores condições de existência que até os defensores dos direitos dos animais preferem ignorar.
            O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo (500.000 detentos) vivendo amontoados, sendo violentados, comendo e dormindo mal como seres bestializados. Sujeira, umidade, péssima comida, sem luz e pouca ventilação, vivem nessas condições porque a violência sempre foi um instrumento usado pelo Estado para resolver conflitos. Assim, a militarização é uma tendência que desponta quando a crise social recrudesce não poupando nem as escolas. 
            O capitalismo criou as prisões modernas. É a forma de punição burguesa que criou as imensas cadeias para prender aqueles que consideram como imprestáveis para a produção. Aqueles que não têm especialização alguma, tornando-se inúteis, cuja força de trabalho não pode ser usada são lançados nas prisões para que morram ou passem longos anos de sua vida nessa condição, uma vez que a manutenção dessa condição custa pouco e rende ‘’bons resultados’’. 
            Na história da humanidade existiram várias formas de punição. Muitas vezes os transgressores eram expulsos da comunidade, aos crimes mais hediondos a punição era a morte, cabendo-lhe o direito de fugir. Geralmente o roubo de uma cabra ou de pequenos objetos era resolvido pelos próprios moradores ou por um tribunal constituído por estes. Tudo era resolvido dentro da própria comunidade. A prisão moderna tem funções completamente distinta dessas porque corresponde a uma sociedade que atribui ao Estado a competência de julgar, onde supostamente a vontade do povo estivesse expressa nas leis.  
            Não foi sem uma justificativa ideológica que a burguesia conseguiu colocar milhares de pessoas nas cadeias. Seus intelectuais criaram a farsa da ‘’recuperação’’ para lançar jovens dentro de prisões para ‘’reeducá-los’’ a viver em coletividade. Ainda se justifica isso para detenção de crianças e adolescentes, atribuindo sempre um nome doce (‘’Casa do menor’’, ‘’Centro Educativo’’ etc.) para as cadeias que prendem menores não diferindo em absolutamente das outras. Quais são os instrumentos e métodos usados para os educar? Bastante tortura e pauladas na cabeça!
            Os empresários da fé defendem que a cadeia seja instrumento da sua piedade cristã, chamadas docilmente de ‘’penitenciárias’’, para inculcar-lhes que estão ali pagando seus pecados. 

Sem teto, sem terra e sem emprego
            Milhões de camponeses não tem direito à propriedade da terra. São empurrados aos centros urbanos em busca de trabalho, engrossando os bolsões de miséria nas cidades. Milhões de famílias vivem em habitações precárias: são barracos de lona nos morros, casebres a beira dos rios, embaixo de pontes, viadutos e até jogados na rua. Essa camada não tem emprego, conhece de perto a fome, vive angustias, medo e violência de toda sorte.
            O problema da moradia não será resolvido com políticas de habitação, construção de casas etc., porque tem suas raízes fincadas na diferença entre campo e cidade, numa zona urbana industrialmente desenvolvida e num campo submetido às relações de dependência. Estas raízes estão fincadas num desenvolvimento desigual e combinado, que conservam grandes contrastes como atraso e desenvolvimento coexistindo.
            Está demonstrado que a política de assentamentos não constitui reforma agrária, essa política de desapropriação de terras via indenização, processos judiciais etc., fracassou. A burguesia lança a culpa desse fracasso nos próprios trabalhadores que recebem a terra, vendem e voltam para cidade. O fato é que a burguesia não faz reforma agrária no Brasil porque isso implica em transformações nas relações de produção, está muito além da política de concessão de pequenas propriedades de terra via Estado.



A escravidão do salário mínimo
            O trabalhador vive miseravelmente com um salário mínimo de fome. As vezes é única renda de uma família, obrigando todos os membros da casa a buscarem emprego em atividades informais. Hipocritamente se condena o trabalho infantil, mas não se diz nada a respeito do regime de trabalho assalariado que joga milhões na miséria. Despesas como transporte, água, luz e comida são insustentáveis com uma renda tão baixa.
             A oferta, por parte do governo, de mão-de-obra barata é um incentivo para atrair as multinacionais ao país. A força de trabalho deve ser vendida a um preço que atenda aos especuladores internacionais. Cresce a massa de trabalhadores desempregados, engrossando as fileiras de um gigantesco exército de reserva. Quem não encontra trabalho se submete a toda sorte de atividades humilhantes, para não viverem jogados na sarjeta. Os que não conseguem nada vão pedir esmolas, roubar e viver viciado na droga até que um dia a polícia resolva a questão a seu modo...
            O trabalho assalariado é o regime mais eficiente de dominação, porque o trabalhador pensa que é livre para escolher o que fazer. O opressor não é mais o Senhor feudal ou o dono de escravos o qual se pode ver e identificar; no regime do trabalho assalariado o opressor é toda classe dominante, a burguesia. Mas o trabalhador só consegue viver na medida que o patrão aceite comprar sua força de trabalho em troca de salários, ou seja, o trabalhador pode ser descartado na hora que a classe de proprietários assim o desejar.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Os empresários da fé e o lucrativo negócio das almas no Brasil

Os empresários da fé e o lucrativo negócio das almas no Brasil

Por Jodinaldo de Lucena Sobrinho
           
            O Brasil é um país com profundas desigualdades sociais, marcado por desequilíbrios regionais, onde o desenvolvimento capitalista se deu de forma tardia em relação às potências. O falso discurso do pretenso ‘’progresso’’ contrasta com a dura realidade de 50 milhões de brasileiros vivendo na miséria (aproximadamente 1/4 da população). O fantasma do analfabetismo persegue 14 milhões de pessoas e grande parte da população não consegue compreender o significado de um pequeno texto. O desemprego e a violência marcam a vida da juventude sem perspectivas de futuro, engrossando uma enorme população carcerária, vivendo em campos de concentração capazes de deixar qualquer nazista de cabelo arrepiado.  
            Um país com essas características, marcado por um desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo, em que a riqueza e o atraso coexistem, tornou-se um celeiro fértil para difusão de um poderoso mercado religioso, concentrando nas mãos dos empresários da fé grande poder político e econômico. As igrejas funcionam como empresas cuja missão consiste em bestializar trabalhadores a serviço de empresários religiosos. O vertiginoso crescimento do protestantismo é o indicador que pode atestar o sucesso da propaganda neopentecostal no sentido de arregimentar almas para as fileiras desse promissor mercado de picaretas da fé.

Cenário político: empresários da fé atuando nos bastidores

            No cenário econômico o empresariado da fé já detém canais de TV, rádio, gravadoras, editoras, escolas, universidades e o capital oriundo do mercado das almas já penetra em todos os poros da sociedade capitalista. No parlamento, os religiosos constituíram uma Bancada Evangélica para fazer lobby, cujos interesses escusos estão, inclusive, a revelia das reais necessidades das ‘’almas’’, não se diferenciando, por exemplo, de uma bancada de ruralistas (latifundiários).
            Os executivos da fé utilizam a sua poderosa máquina de propaganda para perseguir politicamente os movimentos sociais (movimento LGBT), desfechando todo seu ódio e homofobia contra os homossexuais. Não tardará o dia em que seus holofotes se voltarão para perseguir os demais oprimidos da sociedade. Lançam mão de grande poder político e econômico para impor seus interesses a toda sociedade. As figuras parlamentares não passam de simples marionetes nas mãos dos ‘’pescadores de almas’’.

Investir pesado no marketing é o segredo do sucesso
            O pastor/empresário sabe que apenas com o dízimo minguado dos fiéis não se pode manter uma máquina gigantesca que são as empresas. As igrejas não são as únicas fontes de recursos, existe um amplo leque de empresas que sustentam o luxo e suntuosidade dos bufões que precisam de bom ambiente para relaxar, enquanto planejam métodos eficientes de pescar almas.
            Milhões de reais são revertidos em propagandas para expansão dos mercados, os tradicionais truques do mercado capitalista como investimento, propaganda e derrubada dos concorrentes são os métodos aplicados para aumentar a influência. 

É necessário derrubar o concorrente
            Para manter o controle dos dízimos e ofertas, para assegurar que o dinheiro não seja desviado por nenhum picareta subalterno no meio do caminho, as altas cúpulas impõem nas igrejas uma rígida hierarquia de funções: diáconos, contadores, tesoureiros, etc., tudo para ter certeza de que a encomenda milionária chegará a suas mãos.
            Mas as empresas da fé também formaram especialistas em pescar almas no quintal dos outros. Como os pastores não podem invadir as igrejas de seus adversários para pescar as almas do concorrente, os missionários passam de casa em casa, disputando corpo-a-corpo, os fiéis. Mas isso não é o suficiente, como se não bastasse, é necessário fazer as cerimônias religiosas no meio da rua, com potentes caixas de som abordam os transeuntes desavisados e toda vizinhança. 

Um discurso eficiente e a promessa de um futuro promissor (no céu)
            Conscientes dos aspectos sociais e econômicos que afligem a população os empresários de fé, munidos de técnicas psicológicas, lançam discursos esperançosos, sustentando que todos os problemas serão resolvidos de maneira sobrenatural. 
            Curas, solução para conflitos no lar, dor, cansaço etc., são os artifícios utilizados para convencer, de maneira bastante sedutora, os desavisados que estão apostando em qualquer coisa para resolver seus problemas por meio da fé. A maioria dos discursos segue esta lógica de raciocínio e se aproveitam das mazelas da sociedade para utilizá-las como instrumento no recrutamento daqueles que sofrem. As igrejas crescem apostando na desgraça dos outros e na infelicidade de suas almas para mantê-las aprisionadas na crença de um futuro feliz após a morte. 

Materialistas para deus, idealistas para os fieis
            Supostamente deus seria o dono de tudo, ‘’criador’’ de todas as coisas, mas porque ele precisa de 10% de toda renda de seus seguidores para manter a regalia de sultão dos pastores? Tal pergunta é meio embaraçosa para aqueles que vivem pregando contra o materialismo, mas vivem à custa do trabalho alheio. Enquanto que boa parte das almas vive em condições de miséria social os funcionários divinos desfrutam de boas condições materiais de existência.

‘’A religião é o ópio do povo’’.

Natal, 04 de dezembro de 2011

Contato: jodinaldolucena@hotmail.com

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Carta de um preso político perseguido pelo reitor-interventor Rodas por lutar pela Autonomia Universitária Rodas – reitor biônico da Universidade de São Paulo

     João Grandino Rodas, no início de seu mandato, se autodenominava o reitor do diálogo. O movimento combativo da USP nunca se deixou enganar. Rodas, no seu estado larval, se nutriu do chorume da ditadura militar e agora na condição de verme aplica aquele mesmo modelo repressivo aqui na Universidade de São Paulo.

       Em 2007, quando era diretor da Faculdade de Direito, mandou a tropa de choque ao Largo São Francisco para reprimir manifestantes que lutavam contra os decretos do Serra para o ensino superior paulista. 

     Em 2009, redigiu a portaria que pôs a PM no campus Butantã para dissolver piquetes na greve de funcionários. Foi em 2009 também que o choque perseguiu estudantes, que se manifestavam contra a polícia no campus, do P1 até o prédio da História sob chuva de bombas e balas de borracha. Além disso, a cada greve, a cada piquete, mais e mais estudantes e trabalhadores são processados pela universidade.

     A polícia, mesmo de forma irregular segundo o estatuto da USP, já estava dentro do campus há alguns anos. No dia da morte do estudante da FEA, no primeiro semestre deste ano, a PM estava fazendo uma blitz próxima ao P3 dentro da USP. O assassinato serviu de pretexto para que a reitoria oficializasse a presença da PM na universidade sob o pretexto da falta de segurança.

       Existe a tendência de personalizar a política repressiva na figura do reitor, mas devemos ter clareza de que ele está aqui para cumprir um papel determinado pelo governo do estado de São Paulo. O estado burguês aplica aqui na universidade uma política privatista que se traduz em terceirizações, incentivo às PPPs via fundações, descaracterizando o caráter público da universidade, precarização do ensino para dar espaço à iniciativa privada, dentre outras coisas. Ao mesmo tempo em que é privatista, a política do Estado é elitista. A restrição do acesso via muros da universidade e via vestibular, contribui para que o campus se transforme num reduto da “playboyzada”, atraindo a atenção dos excluídos para furtos e assaltos.

       Rodas é um interventor do Estado dentro da universidade. É um pau mandado do Governo estadual. Ela aplica a política de destruição da universidade de forma mais contundente que outros setores da burocracia acadêmica e acaba gerando alguns atritos interburocráticos os quais costuma ignorar, pois tem o respaldo de Geraldo Alckmin e de sua camarilha pró-capitalista.

Reunião de negociação do dia 07/11 
          A segunda reunião de negociação do movimento de ocupação com representantes da reitoria realizada na última segunda-feira não avançou em relação à primeira. A reitoria propôs, novamente, um grupo de trabalho misto (movimento e burocracia) para revisar o convênio com a PM e outro grupo de trabalho para rever um a um todos os processos administrativos contra estudantes e trabalhadores. Os negociadores da reitoria, Messias e Amadio, queriam firmar um acordo de desocupação do prédio da reitoria com os representantes do movimento nos moldes que devem estar acostumados a fazer com a burocracia estudantil. A comissão da ocupação se comprometeu apenas a levar a “nova” proposta à assembléia estudantil e isso não era o suficiente para a reitoria, que não se comprometeu a adiar o prazo da reintegração de posse do edifício. Ademais, condicionou a reunião seguinte à desocupação. A reitoria pagou para ver.

08/11 – Pra quem ainda tinha alguma dúvida...
        O movimento de ocupação do prédio da reitoria vinha travando o debate sobre a presença da PM no campus colocando que se trata de mais um passo na escalada repressiva do Estado e da burocracia acadêmica que tentam calar as vozes que se levantam contra a política privatista e elitista para a universidade. A reitoria, com a ajuda da mídia burguesa, tentava ganhar a opinião pública caracterizando o movimento como sendo de maconheiros e baderneiros. O senso comum, de maneira geral comprou a idéia de que é a questão de segurança o plano de fundo de todo esse embate.                                                                                                                                    

        A PM não está no campus para garantir a segurança da comunidade USP. Para quem ainda tinha alguma dúvida, a entrada de 400 policiais armados para prender 73 estudantes, que estavam se manifestando politicamente na reitoria ocupada, demonstra cabalmente a função da PM na USP. Não há argumento que justifique tamanha utilização de força a não ser a perseguição política ao movimento. Serão mais 73 processos criminais e  mais 73 processos internos administrativos, totalizando o recorde de 146 novos processos. É a política do terror para barrar o movimento.

       O movimento estudantil que novamente se levanta deve se pautar pela questão mais imediata, que é a da perseguição política dentro da universidade. Não podemos parar até a retirada de todos os processos políticos contra estudantes e trabalhadores e da PM da USP (bandeira congressual há anos). Qualquer outra orientação para o movimento é distracionista e tenderá a nos levar à derrota.

         Não existe segurança no capitalismo. Não podemos nos deixar levar pelo argumento da falta de segurança na universidade. A polícia está em todo lugar e em todo lugar há crimes. A falta de segurança é fruto da sociedade de classe, da exploração do homem pelo homem, do desemprego, da exclusão, da falta de oportunidades. É a opressão de classe a que é submetida a maioria da sociedade a causa da violência. Isso é capitalismo. 

         Defendemos a revolução e ditadura do proletariado porque ela é necessária para destruir a ditadura de classe da burguesia, que é o conteúdo até mesmo do mais democrático dos regimes sob o capitalismo. Só a sociedade sem classes, o comunismo, vai dar iguais oportunidades a toda humanidade e encerrar a barbárie social que o capitalismo nos impõe. A questão de segurança, portanto, jamais vai se resolver com mais ou menos policiais nas ruas ou na universidade. É utopia acreditar nisso. Isso sim é idealismo. O fato é que a polícia no campus significa mais repressão. Recusamo-nos a cair na conversa mole do governo, de sua marionete Rodas e da imprensa vendida, que usam o uso da maconha e a criminalidade para impor mais repressão. Erguemos nossos punhos dentro e fora da universidade para combater a opressão de classe, que se concretiza na polícia.


10 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Bem Vindo à Marinha dos Estados Unidos

Problemas com o sistema de sanitários do porta-aviões USS George H.W. Bush está causando sérios transtornos aos mais de 5 mil tripulantes a bordo.

Já maginou fazer uma viagem, digamos, de Porto Alegre até Salvador em um ônibus sem banheiro e por uma rodovia completamente sem acostamento? É algo parecido com isso que os marinheiro do porta-aviões USS George H.W. Bush estão vivendo, com a diferença de que eles estão no meio do oceano.

Informações vindas da própria Marinha norte-americana dizem que todos os 423 banheiros da embarcação estão sofrendo com uma imensidade de problemas. Grande parte deles devido ao sistema de sucção a vácuo,que consiste em 400 kms de tubulações, e vêm apresentando falhas sistematicamente.

Embora pareça uma situação engraçada, na realidade essa circunstância está gerando diversos problemas para o bem estar dos mais de 5 mil marinheiros que estão à bordo do porta-aviões. Alguns alegam que levam mais de uma hora andando pela embarcação até encontrar um local onde possam fazer suas necessidades, enquanto outros acabam aliviando em garrafas, chuveiros ou pias.

Mas quem não tem essa sorte (ou não quer ser pego pelos oficiais agindo ilegalmente), principalmente no caso das mulheres, acabam tendo de segurar suas necessidades por tanto tempo que estão começando a desenvolver infecções urinárias devido ao problema com os banheiros.

Enquanto os marinheiros culpam a Marinha por ter criado um sistema falho, esta culpa os próprios usuários por estarem “dando a descarga” em materiais inapropriados.

O problema é tão sério que já exigiu dos engenheiros mais de 10 mil horas de mão de obra para tentar ser solucionado, mas ainda sem muito sucesso. Enquanto isso, os tripulantes da embarcação que custo mais de 6,2 bilhões de dólares, continuam buscando alternativas aos banheiros.

Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/tecnologia-militar/15398-falta-de-banheiros-em-embarcacao-obriga-marinheiros-a-darem-um-jeitinho-.htm#ixzz1dsw1TZff

domingo, 23 de outubro de 2011

Morre mais uma vítima do imperialismo: Muammar Kadafi

Essa foi a notícia veiculada na tarde de sexta-feira (hora de Brasília) pelo mundo. Assim como Che Guevara, Sadadm Hussein e recentemente Osama Bin Laden, Kadaffi foi mais uma vítima do imperialismo ocidental. Seu governo nacionalista, assim como os acima citados, se fechou aos interesses imperialistas, assim como os governos de Evo Morales e Hugo Chávez, Kadaffi quis fazer um país para os que nele nasceram, e não para os que o enxergam como uma fonte de riquezas.
As circunstâncias da morte deixam entender que, assim como Che, Saddam e Bin Laden, Kadaffi foi assassinado. Provavelmente foi morto covardemente, como é caraterístico dos assassinos profissionais que trabalham a mando da OTAN, principais olheiros nas riquezas do subsolo da Líbia, bem como do Iraque, Venezuela, Bolívia e até mesmo do Brasil.
A mando dos interesses imperialistas guerras são travadas, pessoas inocentes são mortas e nos acostumamos com isso, temos que dar um basta nisso. Quem os membros da OTAN pensam que são para matar a todos os que contrariam os seus interesses? Ao acaso seria um crime não compactuar com as políticas imperialistas? Tá na hora de parar com isso.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Analfabeto Político

O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

(Berthold Brecht)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nobel da Paz 2011 é dividido por duas liberianas e uma iemenita

Por Gamal Noman | AFP

O Prêmio Nobel da Paz foi concedido nesta sexta-feira a três mulheres: a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, sua compatriota e militante pela paz Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman, ativista da chamada Primavera Árabe.

As três foram "recompensadas por sua luta pacífica pela segurança das mulheres e de seus direitos de participar nos processos de paz", declarou, em Oslo, o presidente do comitê Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.

"Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não obtiverem as mesmas oportunidades que os homens para influenciar nos acontecimentos em todos os níveis da sociedade", acrescentou.

A liberiana Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, passou para a história ao converter-se, em 2005, na primeira mulher eleita como chefe de Estado no continente africano, em um país de quatro milhões de habitantes traumatizados por guerras civis que, de 1989 a 2003, deixaram 250.000 mortos, destruindo suas infraestruuras e sua economia.

"Desde sua posse em 2006, contribuiu para garantir a paz na Libéria, para promover o desenvolvimento econômico e social e reforçar o lugar das mulheres", acrescentou Jagland.

Seu acesso ao poder foi possível pelo trabalho de Leymah Gbowee, "guerreira da paz", fundadora do movimento pacífico que contribuiu, em particular com a convocação de uma "greve de sexo", para terminar com a segunda guerra civil em 2003, assinalou o Comitê Nobel.

Lançada em 2002, essa iniciativa original levou as liberianas de todas as confissões religiosas a negar sexo aos homens até que cessassem os combates, o que obrigou Charles Taylor, ex-chefe de guerra convertido em presidente, a associá-las às negociações de paz.

"Leymah Gbowee mobilizou e organizou as mulheres além das linhas de divisão étnica e religiosa para pôr fim a uma longa guerra na Libéria e garantir a participação das mulheres nas eleições", assinalou Jagland.

A terceira laureada, a iemenita Tawakkul Karman, "tanto antes como durante a Primavera Árabe, teve um papel preponderante na luta a favor dos direitos das mulheres, da democracia e da paz no Iêmen", afirmou.

Karman, a primeira mulher árabe que recebe o Prêmio Nobel da Paz, numa primeira reação, declarou-se honrada e surpresa e dedicou seu prêmio à "Primavera Árabe".

"Trata-se de uma honra para todos os árabes, muçulmanos e mulheres. Eu dedico este prêmio a todos os ativistas da Primavera Árabe", declarou ao canal de televisão árabe Al-Arabiya.

"Este prêmio é uma vitória para a revolução pelo caráter pacífico desta revolução", afirmou a iemenita, entrevistada na Praça da Mudança em Sanaa, onde os opositores ao regime do presidente Ali Abdullah Saleh acampam desde fevereiro.

"Não esperava receber este prêmio e nem sequer sabia que minha candidatura havia sido apresentada", acrescentou Karman.

Sirleaf, por sua vez, afirmou que a distinção é um prêmio para todo o povo liberiano.

"Estou muito feliz com este prêmio, que é o resultado de meus anos de combate pela paz na Libéria", afirmou a presidente.

"Este prêmio é compartilhado com Leymah (Gbowee), outra liberiana, e é também um prêmio para todas as mulheres liberianas", acrescentou.

Até o presente, em 111 anos, apenas 12 mulheres receberam o Nobel da Paz.

A última mulher a ganhar esta distinção também foi uma africana, a militante ecologista queniana Wangari Maathai, que acaba de falecer.

Este anos, o Nobel da Paz registrou uma cifra recorde de 241 candidaturas de indivíduos e organizações.

O prêmio será entregue em Oslo no próximo dia 10 de dezembro, data do aniversário da morte de seu fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel.

O prêmio consiste em uma medalha e um diploma e uma quantia de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a um milhão de euros.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Aos que usam a língua como lâmina...

...cuidado para não cortar a própria boca.
Muitas pessoas, de mentalidade atrofiada, não conseguem ver o sucesso dos outros, pensam que por levarem uma vida medíocre, os outros, que têm maiores objetivos e correm atrás deles, devem levar uma vida sem graça como as suas. Lembro-me bem de quando comprei meu primeiro veículo motorizado, era uma motoneta com um motor de 100cm³, mas foi o suficiente para despertar em muitos o pior sentimento que um ser que se diz humano pode ter, a inveja. Inúmeros boatos de que eu havia roubado a motoneta surgiram e logo eu tive de prestar esclarecimentos à polícia, como quem não deve não teme, levei a documentação da motocicleta à autoridade policial, contrato de compra, certificado de registro e licenciamento em meu nome e provei que tinha feito tudo corretamente.
Algumas pessoas pensam ser melhor que as outras por conseguirem um emprego em uma empresa conceituada, ou por terem uma aproximação mínima com uma pessoa que tem alguma projeção no meio em que vivem. Pensam que ser um puxa-saco, o popular baba-ovo ou como nos países hispânicos: chupa-média, é algo bom, perdem amigos, e não ganham dos que os cercam nada além de desdém e ojeriza, e pessoas que agem assim não merecem mais do que isso, merecem todo o desprezo e depreciação que pessoas secas, sarcásticas podem der a alguém.
Pessoas assim usam a língua para denegrir, difamar, diminuir os outros, acabam por fazer de língua um instrumento mortal, a todo tempo buscam derrubar os outros, maximizam qualquer falha alheia por mínimas que sejam, e fazem isso como se fossem perfeitos. Vivem a buscar a ruína do outro, e sem saber acabam eles mesmos se destruindo, ah, sabe a pessoa que disse que eu tinha roubado a motoneta, certa vez me pediu uma

Pedófilos aproveitam-se de campanha para agir em redes sociais



O sucesso das campanhas promovidas em favor da garantia dos direitos infantis tem facilitado a ação de pedófilos na Internet. Alguns deles estão se aproveitando do crescimento do número de pessoas que trocam suas fotos de perfil por desenhos para seduzir menores sem serem notados.

Esta tarde, a Delegacia Especial de Proteção à Criança recebeu a denúncia da mãe da menor M.C.A.M., de apenas 3 anos de idade, que foi vítima de um desses criminosos. O meliante seduziu a criança através de uma rede social, fingindo ser um personagem de desenho animado. Segundo a delegada Sônia Moura, ele ainda teria conseguido marcar encontro e praticado ato com a menor. A mãe, que pediu para não ser identificada, contou que intermediou o contato pela Internet, mas não achou que seria algo sério. “Eu nunca imaginava que o encontro aconteceria de fato. Pensei que era brincadeira somente. Sempre achei o Pikachu tão inofensivo… Até ri quando ele disse que estaria no carro de um moço de bigode na frente da escola dela. Bichinha da minha menina… Sonhava em casar virgem. E agora…”

A Diretoria de Proteção à Criança e ao Adolescente do Ministério da Justiça fez um apelo a todos os internautas. “Entendemos a boa vontade e apoio de todos que aderem às campanhas, mas pedimos que agora colaborem conosco retornando às imagens normais de seus perfis para que possamos identificar como mais facilidade os pedófilos”, pronunciou a diretora Jussara Leitte. Até o momento, estão sendo procurados, além do Pikachu, um Bob Sponja, dois Cavaleiros do Zodíaco, um Telettubie, uma Xuxa e, até mesmo, uma Maísa.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Brasil deve se opor a sanções contra Síria na ONU, dizem diplomatas

Camila Viegas-Lee e João Fellet

De Nova York para a BBC Brasil e da BBC Brasil em Brasília


Atualizado em 18 de agosto, 2011 - 04:54 (Brasília) 07:54 GMT
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Para diplomacia brasileira, sanções individuais contra a Síria poderia causar mais divisão
Apesar da crescente condenação internacional à Síria pela repressão a manifestantes civis, o Brasil deverá se opor, em reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira, à adoção de sanções ou novas ações coercitivas contra o regime de Bashar Al-Assad.

Na reunião do Conselho, serão discutidos os próximos passos do Conselho diante da violência na Síria, que já deixou 1,7 mil mortos e milhares de detidos desde o início dos protestos contra o governo, em março. A família Assad está no poder há 41 anos.

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Tópicos relacionadosOriente médio, Internacional Segundo diplomatas brasileiros, o Itamaraty defenderá medidas de pressão sobre Damasco para que interrompa a violência e implemente as promessas de transição à democracia.

No entanto, o governo avalia que é necessário dar tempo para que Assad mostre sinais de seriedade e organize um processo eleitoral que permita ao país deixar o modelo unipartidário.

Para a diplomacia brasileira, uma escalada de sanções individuais contra a Síria também seria negativa e poderia provocar ainda mais divisão no país, impondo obstáculos ao fim dos confrontos.

O Brasil prega ainda que os membros do órgão se mantenham coesos e que os elementos contidos na declaração presidencial aprovada pelo Conselho em 3 de agosto – que condena o uso das Forças Armadas contra os manifestantes e exige a implementação de uma democracia multipartidária – sejam cobrados insistentemente.

Ainda que todos os 15 membros do Conselho, no qual o Brasil detém assento rotativo, defendam o fim da violência na Síria, há diferentes opiniões sobre como alcançá-lo.

Na semana passada, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, exortou todos os países a cortar laços políticos e econômicos com Damasco.

Segundo Hillary, ao comprar petróleo e gás natural da Síria e lhe vender armas, os países dão a Assad fôlego para manter a repressão.

Os EUA já impuseram sanções unilaterais a Damasco e têm estimulado outros países a adotar medidas semelhantes.

Países europeus também adotaram sanções, e mesmo nações do Oriente Médio têm se posicionado contra Assad.


Conselho de Segurança discute violência na Síria, que já deixou 1,7 mil mortos (Foto: BBC)
Neste mês, a Arábia Saudita, o Bahrein e o Kuwait convocaram seus embaixadores em Damasco (medida diplomática que expressa reprovação à postura do governo sírio), e o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, disse que os métodos das forças de segurança sírias eram "inaceitáveis".

Missão humanitária

Também nesta quinta-feira, uma investigação da ONU pediu para que o Conselho de Segurança considere denunciar a Síria ao Tribunal Penal Internacional.

Clique Leia mais: Síria cometeu crimes contra humanidade, diz relatório da ONU
Na reunião desta quinta, também deve ser anunciado o envio de uma missão humanitária do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, sigla em inglês) à Síria, com o qual o governo sírio teria concordado.

Em abril, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução em que condenou a repressão a manifestantes e pediu o envio de uma missão para investigar supostos crimes cometidos pelas forças de segurança sírias. No entanto, Damasco tem se recusado a receber a missão investigativa.

Para o Itamaraty, a aceitação do governo sírio a uma missão humanitária e a entrada da imprensa internacional representariam dois passos positivos em direção à solução dos conflitos.

Diplomatas brasileiros se opõem, no entanto, a ações mais incisivas, dizendo que elas poderiam desencadear reações indesejadas, como incentivar a oposição a rejeitar ofertas de diálogo e a exigir a queda da Assad – o que aumentaria o risco de confrontos.

Além disso, os diplomatas acreditam que medidas mais duras sinalizariam ao líder sírio que a comunidade internacional teria lhe fechado as portas, não lhe dando outra alternativa que não combater a oposição até o final.

Além de esperar que o governo Assad dê provas de seriedade e tome ações concretas, o governo brasileiro deseja que as decisões do Conselho de Segurança tenham respaldo regional e convençam mais membros da oposição síria a se engajar num diálogo com o governo com vistas a um entendimento.

Em 10 de agosto, uma delegação do grupo Ibas, integrado por Brasil, Índia e África do Sul, reuniu-se com Assad em Damasco. No encontro, o grupo pediu que o governo sírio considerasse a resolução do Conselho de Direitos Humanos.

Sanções à Síria"Mesmo sem essas medidas (mais duras), a situação já vem se deteriorando. É hora de dar passos adiante."

Peggy Hicks, diretora do Human Rights Watch
O grupo comunicou que é fundamental que o regime dê prosseguimento ao diálogo nacional e às reformas políticas, com o objetivo de atender às aspirações da população.

No encontro, o ministro para os Negócios Estrangeiros e Expatriados, Walid Al-Moualem, respondeu que a Síria será uma democracia livre, pluralista e multipartidária até o fim do ano e que um comitê jurídico independente foi formado para investigar a violência.

O Brasil quer aguardar o relatório desse comitê para saber se o país terá condições de julgar e punir os responsáveis pela violência. O Itamaraty acredita, no entanto, que a simples criação do comitê dá margem para que a comunidade internacional exija a responsabilização dos culpados e a imparcialidade do órgão.

Críticas ao Brasil

Embora elogiem a iniciativa do Brasil em buscar uma solução para o impasse na Síria, ONGs internacionais têm criticado a recusa da diplomacia brasileira em exercer uma pressão maior sobre Damasco.

Para a diretora da Human Rights Watch Peggy Hicks, o Brasil deveria se esforçar para que o governo sírio autorize o acesso da missão de investigação.

Hicks rejeita o argumento da diplomacia brasileira de que a adoção de medidas mais duras poderia levar à intensificação dos confrontos.

"Mesmo sem essas medidas, a situação já vem se deteriorando. É hora de dar passos adiante", disse à BBC Brasil.

Segundo ela, está claro que a Síria não acatou as sugestões do grupo Ibas, que ela classificou de "bem intencionadas".

Camila Asano, coodenadora de política externa e direitos humanos da ONG Conectas, diz que o governo brasileiro e o Ibas têm usado uma "linguagem branda demais" ao tratar da violência na Síria.

Ela condenou uma declaração do Ibas em que as decisões do governo sírio diante dos confrontos foram classificadas como "erros".

"Não foram erros, foram claras violações dos direitos humanos", diz.

Asano afirmou, no entanto, concordar com a cautela com que o Itamaraty tem tratado a ideia de uma possível intervenção militar na Síria, similar à que hoje ocorre na Líbia.

"Mas não é por condenar medidas coercitivas que o Brasil deve adotar um tom brando, que deixe o governo sírio numa posição confortável para manter a repressão", diz.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sobre a verdadeira face do Imperialismo

Por Everton de Carvalho



O Ocidente dominante sempre tratou a África como uma região-problema, como um câncer que atinge o planeta. Nos últimos 20 anos a Somália vem sendo um exemplo gritante da realidade daquele continente, conflitos armados internos, pobreza, fome, doenças. Uma realidade deplorável, que o ocidente dominante (Estados Unidos e Europa Ocidental) fecha os olhos, ou culpam-nos como causadores dos males que eles próprios sofrem.
O mais intrigante é que, antes da chegada o invasor europeu, antes do neocolonialismo[1] implantado pelas grandes potências, havia seca, doença, conflitos armados na África, mas não com a mesma intensidade que existe em nossos dias. Depois que o modo capitalista-agro-exportador foi implantado pelo invasor europeu, que usurpou (e ainda usurpa) de forma desumana as riquezas existentes na África, houve uma acentuação da pobreza, pois a terra que antes era destinada à produção agrícola, ou servia de habitat para os animais de caça passaram a ser usadas para abrigar as grandes plantations. As plantations, por sua vez, abastecem as mesas da maioria das famílias da Europa e América do Norte, ou o leitor pensa que com tantas indústrias e excesso de povoamento ainda existem terras cultiváveis nesses continentes?
O sistema capitalista-agro-exportador que foi acima citado é fortemente marcado pela prática da plantation, consiste em seis elementos básicos: grandes propriedades; cultivo de produtos tropicais; monocultura; emprego de mão-de-obra barata, inicialmente escrava; utilização de recursos técnicos; produção voltada para a exportação. A plantation é um tipo de sistema agrícola (uma plantação) baseado em uma monocultura[2] de exportação mediante a utilização de latifúndios[3] e mão-de-obra escrava. Foi bastante utilizado na colonização da América, sendo mais tarde fora levada para a África e Ásia, principalmente no cultivo de gêneros tropicais e é atualmente comum a países subdesenvolvidos, com as mesmas características, exceto, obviamente, por não mais empregar mão-de-obra escrava.
Os anos de exploração europeia sobre a África, nos moldes do sistema capitalista-agro-exportador deixaram o continente sensivelmente empobrecido, sem muitas fontes de riqueza, uma vez que os invasores europeus usurparam todas as riquezas do continente: jazidas de ferro, outro diamantes, petróleo, etc. Os reinos pré-coloniais foram eliminados no processo de “colonização”, os estados modernos na África seguiram os moldes coloniais, uma vez que os processos de independência foram liderados pelas elites coloniais, fortemente influenciadas pelos ideais europeus de manter as colônias de certa forma dependentes doas metrópoles. Tal dominação, que se dá pelas vias cultural e econômica é conhecida como neocolonialismo ou imperialismo.
Como os Estados modernos desconsideram as fronteiras tribais por isso casos como o de Ruanda, Darfur e Angola são tão comuns no continente, talvez seja uma estratégia para manter a dominação neocolonialista, ou talvez seja um meio pelo qual a indústria bélica[4] ocidental viu uma oportunidade de negócios, a venda de armas para os governos ditatoriais pró-ocidente ou para rebeldes com ideais ocidentais acentua ainda mais os conflitos, e é uma das maiores fontes de lucro para a indústria bélica norte americana, francesa e britânica.
É sabido que em contextos de guerra há um esforço geral da população, pois não há como produzir alimentos com os campos tomados pela guerra se torna impossível produzir, junto com a guerra vem a fome, pois não se produz comida. Para completar a seca compromete ainda mais a situação, pois não falara só comida, mas também água. Assim sendo, os que não morrem na guerra, morrem de fome, de sede ou das doenças que já assolam o continente e os atingem com mais força, pois seus corpos já estão muito enfraquecidos pela subnutrição e desidratação.
A ajuda ocidental não chega como punição aos que são contrários aos seus interesses, mas os mais atingidos com esse descaso são os que mais precisam, dessa ajuda, os que não têm nada a ver com os conflitos. Quando essa ajuda humanitária, que é necessária, chega, é sempre em forma e armas, ou para o governo, como é no caso da Somália, pois o governo fomenta a cultura ocidental e nada faz para resolver problemas existentes no exercício dos direitos humanos, como água, comida, saúde, educação, segurança; ou a rebeldes, como é na Líbia, onde ocidente quer depor o presidente que contraria os interesses dos ocidentais.
A ajuda nunca chega na forma de comida, água ou remédios, sempre como armas. Missões armadas ocidentais, como as retratadas nos filmes Hotel Ruanda, Falcão Negro em Perigo e Lágrimas do Sol são reais. Ao invés de missões pacificadoras como a ocorrida no Haiti, com o objetivo de troná-lo um quintal para os ianques, há missões do tipo blitz, missões de resgate de ocidentais que vivem lá. Um grupo pequeno de soldados é enviado para resgatar um grupo ainda menor de brancos não africanos, e sendo o resgate feito, nada mais acontece, as vítimas da guerra são abandonadas à própria sorte.
Esses filmes retratam a realidade acerca das incursões militares do ocidente na África não se importam em momento algum em levar ou manter a paz, há não ser quando há interesses comerciais, como se deu no Haiti, e no Iraque. Deixam os africanos, incapacitados de resolver os problemas do continente, pois estão desprovidos de quais quer meios após três séculos de exploração capitalista, abandonados à própria sorte.
Isso, é claro, causa ainda mais revolta, revolta que se mostra em ataques de piratas a navios, em atentados na Europa, nas revoltas populares nos subúrbios das grandes cidades da França. Mas ocidente fecha os olhos, prefere que se autodestruam, pois seria um mal necessário para que o discurso neodarwinista[5] e nazista de colocar o homem europeu como o ser humano em sua completude, e de que as outras “raças” eram incompletas, imperfeitas e, portanto, se faz necessário eliminá-las da face da terra.
O ocidente fecha os olhos porque muitos dos africanos não veem importância em tomar uma garrafa de Coca Cola ou comparar um tênis Nike ou Adidas, não veem status em possuir um carro Ford ou BMW, não querem ser cristãos ou ateus, levam a religião e a cultura próprias a sério, não aceitam a imposição do modo de vida ocidental sobre suas culturas. Isso faz deles, aos olhos das potências ocidentais, criminosos cuja sentença é a morte, quer seja pela guerra, pelas doenças, pela fome. Que crime cometeram? Resistir ao imperialismo, ser diferente, ter um modo de vida próprio e não copiar o ocidental.
É nessa hora que se nota o papel de organizações como a OTAN e a ONU, órgãos internacionais a serviço dos interesses comerciais ocidentais, a final, nenhuma sanção foi aplicada aos EUA quando ignoraram a decisão da ONU em proibir a guerra do Iraque em 2003.


[1] Neocolonialismo é como se pode denominar a dominação imperialista, ou seja, a dominação econômica, cultural e ideológica.
[2] Cultivo de um só produto, geralmente em grandes extensões de terra e destinada a exportação, como pro exemplo a soja atualmente, o café no século XIX e a cana no século XVII.
[3] Latifúndio é como são denominadas as grandes propriedades, contínuas ou não de terra.
[4] Indústria bélica é a indústria que produz material de guerra, veículos, armas, munições.
[5] Neodarwinista é a teoria que defende que as espécies vivas foram evoluindo a partir de um ancestral comum e de tanto evoluírem transformaram-se em organismos mais complexos e diferenciados.

sábado, 23 de julho de 2011

Cala-se a voz de uma Diva

Morreu na tarde de sábado, 23 de julho de 2011 a cantora britânica Amy Winehouse. Dona de uma das mais belas vozes que meus ouvidos já puderam ouvir, Amy ficou conhecida mais por suas aparições surpresa e seus problemas com drogas e álcool do que por sua música. Sucessos como Rehab, Back to Black, Justfriends, Bestsfriends e Will you still Love me tomorrow embalaram muitas das minhas paixões e de muitas outras pessoas ao redor do mundo.
A música mundial perde uma bela voz, mas que permanecerá viva nas memórias, discitecas e musicotecas materiais e digitais de muitos. Mantendo assim viva essa diva que nos deixa, como sempre fez, sem dizer adeus. Assim resta-me dizer Good Bye Amy

domingo, 3 de julho de 2011

Sobre o coronelismo na Região Norte

Os fatos ocorridos no Pará em maio de 2011 lembram e muito o tempo em que os coronéis eram figuras comuns nas áreas rurais do Brasil, os primeiros anos da república. Tempos nos quais o fazendeiro explorava os trabalhadores rurais, expulsavam-nos de suas terras ou coisas parecidas. Não havia leis que protegessem esses trabalhadores, mas por um simples motivo, os legisladores eram os próprios fazendeiros, eles eram os vereadores, os deputados e senadores.
Muitos foram os que lutaram por melhores condições, na Amazônia se destacam nomes como Chico Mendes, Ajuricaba, Doroty Stang. Luaram não só pelos direitos dos trabalhadores, mas lutaram pela sustentabilidade da floresta, pela defesa da posse da terra aos povos indígenas. Uma vez que na Amazônia, houve um incentivo por parte dos governos à pecuária extensiva, ao desmatamento, e a outras tantas atrocidades que são constantemente cometidas e simplesmente fecham-se os olhos dos que deveriam defender a floresta, que não se sabe por que milagre ainda está sob domínio brasileiro.
Por último Maria do Espírito Santo, punida por coronéis do Século XXI, como José Sarney, Jader Barbalho, o (ainda bem) já falecido Antônio Carlos Magalhães e tantos outros que fizeram dos seus estados seus quintais, onde as suas vontades vigoravam sob a forme de leis locais.
Maria do Espírito Santo morreu porque defendeu melhores condições de trabalho para os seus semelhantes, pois sabe-senão de agora que na região norte a escravidão não acabou no 13 de maio de 1888, nem com a Constituição de 1988, tampouco acabara nesta década se as ações de combate a esses regimes de trabalho continuarem da mesma forma.
Essas mortes são mais que outra coisa uma denúncia, uma denúncia de que algo precisa ser feito, porque nessas regiões ainda se vive no meio de coronéis como na República Velha, em meio a ameaças e a regimes exploratórios de trabalho, nos seringais, nas fazendas de gado, nas serrarias e assim por diante.

Mataram Chico Mendes: Uma cagada Histórica, ou melhor, um crime contra a luta trabalhista no Brasil

Publicado por Rodrigo Ken em 22 de dezembro de 2010
in: 22/12/1988 – Mataram Chico Mendes

Em certos momentos, quando nos remetemos a morte de algum personagem histórico, diremos que ele faleceu ou simplesmente morreu. Dificilmente diremos que assassinaram uma pessoa, porque podem não existir fatos que comprovem isso. Neste post isso não acontecerá e faço uso de todas as palavras para dizer que no dia vinte e dois de dezembro de 1988 mataram Chico Mendes. Até porque é impossível uma pessoa morrer acidentalmente ou de causas naturais com um tiro de escopeta no peito.
Francisco Alves Mendes Filho, ou Chico Mendes, nasceu no Acre em 1944 e logo criança aprendeu o ofício de seringueiro com o pai. Chico só aprendeu a ler e escrever próximo de seus vinte anos. Já adulto, em 1975, tornou-se líder sindical. Dois anos depois consegue se eleger vereador, momento em que recebe suas primeiras ameaças de morte.
Chico Mendes ficava indignado com as condições de vida dos trabalhadores e moradores da região amazônica, foi defensor da floresta e dos direitos dos seringueiros. Motivado, Chico organizou os trabalhadores e sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Adivinha quem não gostou disso? Quem lucrava, claro!
Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de representante da ONU que viram de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causada pela ganância dos grandes fazendeiros que recebiam financiamento de bancos internacionais. Isso pegou mal e os bancos cortaram os financiamentos. O desapropriamento do seringal de Darly Alves da Silva, deve tê-lo deixado muito bravo, e as ameaças a Chico Mendes ficaram freqüentes. Chico então botou a boca no trombone, denunciou publicamente os nomes dos prováveis responsáveis, pediu proteção, mas nada adiantou. Na data de hoje, Chico Mendes foi morto.
Em 1990 Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira foram condenados há dezenove anos de prisão. Darly fugiu em 1993, se escondeu num assentamento no INCRA sob nome falso, isso lhe rendeu mais dois anos de prisão quando foi capturado em 1996. Mas em 2007 a bonitona, a juíza Maha Kouzi Manasfi e Manasfi liberou o Sr. Darly para cumprir prisão domiciliar. É ou não é uma cagada histórica?

domingo, 12 de junho de 2011

A Problemática da Historiografia da América Pre-Colombiana

Por que só se conta uma História da América relatando fatos ou fenômenos ocorridos após 1492? Por que o que se sabe sobre os povos da América Pré-Colombiana é baseado em acha-dos pós-colombianos? Por que se tem uma historiografia americana com caráter eurocêntrico, com um olhar europeu, um juízo de valor europeu, com requintes de modernismo e lascilação da sociedade? São essas as perguntas que moverão este trabalho, não só essas perguntas, mas também as prováveis respostas para elas.
A história nos últimos séculos é, principalmente, a história da expansão da Europa Ocidental, que, ao constituir-se m núcleo de um novo processo civilizatório, se lança sobre os outros povos em ondas sucessivas de violência, de cobiça e de opressão. (RIBEIRO, p.47)
1492 foi o ano que marcou a história da humanidade, não por incidentes ocorridos no conti-nente europeu, mas pelo que ocorreu fora dele. A descoberta de um continente a oeste da Eu-ropa fez surgir um novo tipo de economia, não mais a economia de explorar as riquezas da terra, mas a exploração do capital humano lá existente. A escravidão há muito desaparecida iria retomar sua importância, uma nova política colonialista iria surgir.
Essa nova política foi impulsionada pelo metalismo e pelo bulionismo praticados pelos Estados imperiais europeus. A política metalista consiste na busca e acumulação de metais preciosos (ouro e prata) nas casas reais dos Estados europeus, o bulionismo vem a ser as políticas criadas por esses estados para fazer com que cada vez mais metais entrem e cada vez menos metais saiam desses Estados. Os Estados ibéricos exploraram como ninguém esses metais na América, e o fizeram com a falsa idéia de agentes civilizadores dos nativos. Isso já é sabido de todos. Mas, em que se sustenta esse caráter eurocêntrico dessa historiografia? Em que se baseiam os historiadores modernos sobre o tema? Porque não se tem uma história concisa sobre a América pré-colombiana? Porque os povos incas, maias e astecas não foram durante muito tempo tidos como civilizados?
A idéia da Europa como centro do mundo, pregada a princípio pelo Império Romano, e depois pela Igreja Católica chegou aos Estados Europeus, que nessa época se apresentavam apenas como Portugal e Espanha. Essa idéia passava uma mensagem que todos os outros continentes deveriam servir à Europa. Assim eles subjugavam as outras terras expandindo seus domínios políticos e ideológicos.
O faziam justificando-se como enviados de Deus para civilizar os ameríndios. Isso sem des-considerar um detalhe: havia uma lenda comum aos povos indígenas que deuses viriam do mar para dar-lhes fartura de alimentos e glórias nas batalhas. Isso sim contribuiu para uma dominação ideológica e política dos europeus sobre os ameríndios Houve uma passividade dos indígenas que acreditavam ser os europeus esses deuses.
Após a dominação houve uma construção da história da conquista da América, trata-se de narrativas, como La Conquista de México de D. Henán Cortez. A Carta de Descoberta do Brasil de Pero Vaz de Caminha, e uma obra que foi posteriormente intitulada La Conquista Del Paraíso, que foi baseada nos relatos de Cristovam Colombo acerca da descoberta da A-mérica. Essas narrativas mostram um olhar europeu sobra a América, são narrativas pessoais, muitos são transcrições de diários, ou seja, já começam selecionando os elementos a serem descritos e subjugando os povos nativos da América. Logo que descobriam os templos aos deuses nativos, os colonizadores trataram de destruir não só as pessoas, mas as cidades, tem-plos e locais sagrados, mantendo muito poucos conservados, apenas porque estes lhes traziam alguma importância, ou não conseguiram ser destruídos, ou simplesmente por que não foram descobertos.
Os europeus sequer esperavam encontrar seres humanos na América, os encontraram e os consideraram como selvagens, como animais em um estágio próximo ao do ser humano. Então decidiram por civilizá-los, adequá-los aos padrões europeus, dar-lhes uma religiosidade católica, roupas para cobrirem o corpo, disciplina de trabalho não como havia, o trabalho para manutenção da vida e da comunidade, mas um trabalho para a acumulação de bens, metais alimentos e terras. Aí se via mais uma justificativa para uma dominação ideológica. Além do catecismo, que seria uma compensação da perda de fiéis causada pela Reforma Protestante. A princípio não havia colônias, havia missões, estas tinham como principal função transformar os indígenas em nativos.
Logo que os conseguiram, trataram de escravizá-los, dar-lhes a disciplina européia de trabalho, caracterizada pelo trabalho capitalista, um trabalho sustentar outro que não o próprio tra-balhador. Não há dúvidas de que o catecismo contribuiu em muito com o colonialismo. Mas a questão pertinente é a questão historiográfica, é o porquê dessa historiografia que se tem de antes dessa colonização é tão precária, tão rarefeita. Uma das respostas é a questão do agente civilizador. Só se conta história quando se tem civilizações, e os colonizadores queria justificar sua dominação como civilizadores, colocando os ameríndios como bárbaros, ou seja, como não-civilizados.
Vale ressaltar que há dois critérios para que uma sociedade seja considerada como civilização, são eles a existência de cidades e a dominação de escritas. O que não foram observados em primeira instância, embora fossem constatadas depois a existências destes por historiadores modernos, por arqueólogos. Mas a historiografia americana já estava impregnada com a bar-barização dos nativos, e derrubar esse paradigma tornou-se uma tarefa árdua e difícil de ser aceita quer seja pelo público quer seja pela comunidade científica.
Quando um historiador de nossos dias decide estudar as sociedades pré-colombinas encontra um primeiro obstáculo: a pouca quantidade de fontes. Foram poucos os documentos poupados da destruição pelos conquistadores e as fontes imateriais, como os costumes e a língua foram suprimidos pelo modo de vida europeu imposto aos nativos pelos colonizadores. As aldeias e cidades, assim como os templos foram em sua maior parte destruídos, se não no momento da conquista, foram depois pelo catecismo ou pelo tempo, isso porque quase não sobraram pes-soas para dar a estes o devido cuidado.
As fontes que restaram são o que se chama de cultura material, pouquíssimos documentos em museus da Europa e Estados Unidos. Além dessas poucas fontes em museus, há as mais es-cassas, que são os templos e cidades, situados nas mais densas e distantes localidades, em florestas de difícil acesso ou sob as grandes cidades, como é comum na América Central. A-lém disso, as fontes escritas são inexistentes, foram feitas em matérias orgânicos, poços e con-táveis são os inscritos em pedra, que já estão corroídos pelo tempo e impossíveis de serem estudados.
A ainda há o problema dos relatos, muitas das histórias contadas pelos nativos se perderam com o tempo, há pouquíssimos relatos escritos, e no mais, os mesmos foram escritos por con-quistadores europeus. O que implica em um relato distorcido destas sociedades, destas civili-zações. Este vem a ser um dos maiores problemas da construção de uma História da América Pré-Colombiana, a falta de fontes diretas, o que faz desse historiador que tenta escrever essa história mais um arqueólogo do que um historiador de fato.
Então o historiador que mais é um arqueólogo tem de se esforçar para reconstruir uma história não documentada, cujos poucos vestígios quase todos se perderam e os relatos são quase ine-xistentes, se resumem a mitos lendas e epopéias. E esta se constitui de relatos fragmentados, isolados, deixando o seu trabalho cheio de lacunas, cheio de falhas, tornando-o subjetivo, tor-nando-o mais literatura que ciência, um trabalho onde ele tem de recriar e criar muitos fatos sem evidências provadas cientificamente.
Nota-se que o problema aparentemente não está na historiografia, está na história, é nela que está a estirpe dessa problemática, pois nela os relatos são construídos, nelas as fontes para a historiografia, para o trabalho do historiador, estão localizadas e é nela que ele as busca. A história da América Pré-Colombiana foi construída por europeus, por colonizadores, que se valeram do julgo de “trazedores da civilização” para esse continente. Tinham, para justificar sua dominação, de ignorar as civilizações aqui encontradas, destruir os “Estados” aqui encon-trados, se é que assim se podem chamar as instituições dos Incas, Maias e Astecas.
Tinham de ignorar o que encontraram na América, pois os sentimentos nacionalistas que os moviam faziam-nos declarar a Europa como o berço da civilização, que os europeus têm de levar essa civilização para o resto do mundo. Por isso esses colonizadores, ou melhor, esses conquistadores tinham de destruir as evidências que lembrassem e existência de civilizações anteriores à chegada deles. O problema aqui tratado não chega a ser um fato, é um tema não para pesquisa prática, mas para o estudo de teorias, de caso histórico. Não se deve perguntar o porquê não há uma História científica da América Pré-Colombiana, mas que fatores influenci-aram essa historiografia falha e cheia de lacunas que se tem a respeito desse período da história do mundo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Assassinato de Osama bin Laden: mais um crime do imperialismo

       Por: Jodinaldo de Lucena Ribeiro Sobrinho
    
      Não há duvidas de que Osama bin Laden travou uma luta anti-imperialista contra os EUA. A mídia burguesa insiste em apresentar Osama como um terrorista lunático cujo único objetivo é travar uma ''guerra santa'' contra o mundo ocidental ''cristão''. Obscurece a verdadeira causa que levou a organização Al-Qaeda a lançar dois aviões sobre as torres do World Trade Center e desfechar uma serie de ataques sobre os países imperialistas.

       É necessário fazer uma avaliação concreta da realidade sem a influência do moralismo pequeno-burguês para compreender as razões políticas desses conflitos. Os ataques da Al-Qaeda constituem uma reação do nacionalismo burguês em resposta à dominação imperialista sobre os países semicoloniais do Oriente Médio. Essas organizações nacionalistas fazem do terrorismo individual um método para reagir à opressão e dominação imposta aos seus países. A violência e a barbárie expressam a decomposição do regime capitalista na sua última etapa de desenvolvimento.

       O imperialismo invade países, faz pilhagens, guerras, genocídios, pratica tortura aos opositores e submete a maioria dos países ao atraso econômico/social. Ora, a hipocrisia da burguesia imperialista não tem limites, não se condenam os crimes cometidos pelas potências imperialistas mas a reação dos países oprimidos. Existe uma distinção muito clara entre a violência do opressor e a reação do oprimido à violência. Enquanto o imperialismo cometer pilhagens, partilhar o mundo entre as potências e submeter a maioria dos países ao atraso haverá reação.

O terrorismo individual não pode derrotar o imperialismo

      O imperialismo se fundamenta sobre as bases da propriedade privada dos meios de produção e se estrutura nos organismos internacionais de repressão, empresas multinacionais, centros de espionagem, milícias, aparatos governamentais etc. O terrorismo individual resulta apenas num suicidio político impotente, que por si só não pode derrubar regimes e organizar a maioria oprimida para tomar o poder. O idealismo pequeno-burguês é a semente do terrorismo individual. Os ataques a prédios governamentais, parlamentares e diplomatas de nada valem para tomar o poder político e derrubar as bases sobre as quais se ergue a dominação. Somente a organização e mobilização das massas oprimidas pela ação direta pode destruir a dominação imperialista.

       O imperialismo é um regime de dominação internacional, não está circunscrito a este ou aquele país capitalista desenvolvido, mas compreende o conjunto de países imperialistas que constituem a dominação da classe burguesa. O terrorismo individual é somente um elemento que reflete a decomposição do regime capitalista.

Qual é a ''guerra contra o terror'' que a burguesia imperialista se refere?     

       O assassinato de Osama bin Laden não representa o fim do terrorismo individual para o imperialismo. O fato de ter assassinado Bin Laden não significa que o nacionalismo burguês dos países semicoloniais deixará de aflorar e terá um fim. A certeza da burguesia reside na convicção de que onde houver dominação haverá resistência. Os países imperialistas não estarão livres dos ataques enquanto permanecer sua dominação sobre o mundo.

       A violência é um dos instrumentos de dominação utilizados para manter o poder político da classe burguesa. Centenas de homens como Osama bin Laden são assassinados a todo instante no mundo inteiro e este fato não é um caso isolado. Trate-se de uma prática comum que foi e será utilizada enquanto durar o modo de produção capitalista. A ''guerra contra o terror'', que, segundo a burguesia imperialista deve continuar, implica afirmar que a sua dominação de classe vai permanecer!

A burguesia não pode condenar Osama bin Laden baseada na sua moral de classe

      A burguesia justifica que matar inocentes a sangue frio é um ato covarde e terrorista. Para a burguesia é um ato sujo e pecaminoso tirar a vida dos ''semelhantes''. Osama teria cometido este terrível pecado e de acordo com a justiça burguesa (divina) deveria pagar. E pagou. A própria vida foi o preço. A moral burguesa é tão contraditória quanto a sua própria dominação.

      A burguesia que evoca a Bíblia para condenar seus opositores é a mesma que lança seus exércitos para invadir e bombardear países, atirar milhões de trabalhadores na miséria e matar outros bilhões de fome. Com a misericórdia divina e o fuzil da burguesia todos devem conviver ''pacificamente''. A burguesia não pode condenar Osama baseada na sua concepção de mundo. A violência práticada por Osama Bin Laden é a expressão de que o imperialismo conduzirá a humanidade a barbárie social!

  • Viva a resistência dos povos oprimidos! Viva Osama Bin Laden assassinado pelo imperialismo!

domingo, 1 de maio de 2011

Canto para minha morte

Composição : Raul Seixas / Paulo Coelho

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...