Quando soubemos que o Brasil sediaria a Copa
de 2014 ficamos felizes com a "honra". Não demorou e aos poucos
descobrimos que a FIFA simplesmente fazia exigências descabidas em suas
pretensões de levar a países ainda com problemas sociais tão graves como os
nossos a cobrança de soluções de "Primeiro Mundo", que, aliás,
fabrica e vende o que exigem de nós.
A perplexidade aumentou com as propostas de
viabilização dos investimentos em Curitiba, nosso ambiente e foco de atenção. A
famigerada "Lei do Solo Criado" vem com tudo para facilitar a vida de
construtores de prédios que fazem ruas verticais, pouco interessados com o
fluxo de efluentes, transporte, energia etc. no solo de todos os curitibanos.
Exigências boas vieram, afinal sabemos que
estamos atrasados em recursos importantíssimos para nossa sobrevivência por
aqui, exigir isenção de impostos, por exemplo, faz sentido?
O luxo é necessário? Não seria adequado até para os turistas mostrar para eles o que somos realmente? Afinal gostam de voltar para casa, quando visitam países exóticos, relatando situações que demonstrem a superioridade de suas culturas. Que o façam, mas não nos endividem.
O luxo é necessário? Não seria adequado até para os turistas mostrar para eles o que somos realmente? Afinal gostam de voltar para casa, quando visitam países exóticos, relatando situações que demonstrem a superioridade de suas culturas. Que o façam, mas não nos endividem.
Por falar em custos, é razoável relaxar
limites de endividamento das cidades? Constrangedor, contudo, foi a gente
descobrir as facilidades para agradar os profissionais do futebol e a
precariedade de recursos quando o tema é acessibilidade e inclusão a favor das
pessoas com deficiência(s).
Temos escrito, falado, implorado, acionado a Justiça, feito pedidos a concessionárias, laboratórios, ONGs endinheiradas, políticos etc. que invistam no aprimoramento da vida dos idosos, das PcD, das pessoas com doenças debilitantes, crianças, de todos os brasileiros, enfim. Descobrimos privilégios absurdos na Corte e em algumas corporações, e o povo? Queremos isonomia com o futebol.
Temos escrito, falado, implorado, acionado a Justiça, feito pedidos a concessionárias, laboratórios, ONGs endinheiradas, políticos etc. que invistam no aprimoramento da vida dos idosos, das PcD, das pessoas com doenças debilitantes, crianças, de todos os brasileiros, enfim. Descobrimos privilégios absurdos na Corte e em algumas corporações, e o povo? Queremos isonomia com o futebol.
Podemos? Talvez devamos usar, diariamente,
parte do horário nobre das concessionárias de telecomunicações para educar e
mudar comportamentos a favor das pessoas carentes, seria excessivo? Mudar
responsabilidades de modo a termos padrões de projeto, construção e manutenção
de calçadas (um segmento das vias públicas), transferindo de proprietários de
imóveis (nem sempre bem educados para o Poder Público) seria errado? Garantir
acessibilidade ao transporte coletivo, às escolas, aos parques, museus,
teatros, cinemas, templos etc. é pedir demais? Considerar a inclusão e a
acessibilidade um direito e uma realidade possível em curto prazo um absurdo?
O Brasil tem petróleo, produz e exporta alimentos, monta automóveis, empresta dinheiro para o Banco Mundial etc., e quer garantir sucessivamente uma Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas 2 anos mais tarde. Deve poder transformar nossas cidades em lugares realmente urbanizados, seguros, acessíveis, inclusivos etc.
O Brasil tem petróleo, produz e exporta alimentos, monta automóveis, empresta dinheiro para o Banco Mundial etc., e quer garantir sucessivamente uma Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas 2 anos mais tarde. Deve poder transformar nossas cidades em lugares realmente urbanizados, seguros, acessíveis, inclusivos etc.
Com certeza os partidos políticos seguem à
risca as dicas dos marqueteiros, ou seja, o povo não é de pensar muito. Não
misture assuntos, crie uma mensagem simplificada. Talvez sejamos, diante de
tudo o que vemos e ouvimos, os principais culpados do que acontece. Ler os
livros de Hannah Arendt é um privilégio de aposentado com tempo para escolher
cuidadosamente o que aprender ao final da vida. Ela coloca a questão para seu
povo: a perplexidade da não reação ao crescimento do nazismo [ (Origens do
Totalitarismo) (Homens em tempos sombrios)]. Aqui temos doenças, talvez a mais
grave seja o aumento constante da alienação, que nos permite ser felizes em
qualquer situação (seríamos estóicos? (História da Filosofia Ocidental)).
Explicar é algo talvez inútil, o fundamental
é lutar, propor, trabalhar para a construção de um mundo melhor. No Brasil a
acessibilidade para todos e a inclusão da PcD devem ser temas realmente
prioritários de governo. Sem subterfúgios e discursos queremos atitudes, ações
e resultados concretos.
Referências
Arendt, H. (1991). Homens em tempos sombrios. Lisboa, Portugal: Relógio d1Água.
Arendt, H. (2007). Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
Russell, B. (1967). História da Filosofia Ocidental. (B. Silveira, Trad.) São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Arendt, H. (1991). Homens em tempos sombrios. Lisboa, Portugal: Relógio d1Água.
Arendt, H. (2007). Origens do Totalitarismo. (R. Raposo, Trad.) São Paulo: Editora Schwarcz Ltda.
Russell, B. (1967). História da Filosofia Ocidental. (B. Silveira, Trad.) São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário