Boa parte dos brasileiros dedicam suas vidas a atividades
em igrejas. A palavra “de Deus” tem sido levada a todos os cantos da Terra e
cada vez mais pessoas tem aceitado-a. Não só no Brasil mas em muitos países os
movimentos religiosos têm crescido em proporções estratosféricas, em momentos
de crise ou opressão movimento de apego ao sobrenatural são a única forma de
esquecer a situação presente.
Marx em seus discursos já dizia que a religiosidade
é o ópio das massas, e tinha razão, os momentos de culto ao deus adorado por
uma religião é um momento no qual os devotos dos esquecem dos seus problemas e
partilham a esperança de uma vida melhor, nesse ou em outro mundo.
Dois movimentos crescem assustadoramente no tocante às
religiões cristãs, as seitas neo-pentecostais e as apocalípticas. A maioria não
passa de empresas, cuja única função é enriquecer os seus líderes maiores ou os
seus fundadores. Outras seguem o mesmo preceito da intimidação e da manipulação
para disfarçadamente difundir essas doutrinas, e assim arrecadar mais fundos e
aumentar os salários dos seus ministros, ou melhor, as cotas dos seus sócios.
Essas seitas usam de palavras de intimidação, criam doutrinas infundadas e
limite para seus participantes, de modo que estes se veem cada vez mais presos
a essa doutrina e fazem dos princípios determinado por um líder religioso (nem
sempre lúcido) os seus princípios de vida.
A intimidação e a manipulação são fortemente utilizadas
em tais seitas como forma de captar e manter fiéis, e gerar receita de modo a
manter os cofres sempre abarrotados. As seitas neo-pentecostais utilizam da
Teologia da prosperidade, crença de que as bênçãos “divinas” serão obtidas
nesse plano e se concretizam em riqueza material, para captar seguidores e
gerar arrecadação. Nessas seitas o participante é intimidado a desprover-se de
bens essenciais para manter uma cota de contribuição para a seita, como se esta
fosse se refletir em progresso material para ele, ou para a difusão daquela
doutrina. Não sabendo eles que o único destino desse dinheiro arrecadado é o
bolso dos líderes das seitas.
O neo-pentecostialismo tem sido um ramo de negócios, já
virou sátira nas mesas de botequins ou rodas de conversas: “quer enriquecer,
abra uma igreja”. O que nem em todo é mentira, e nem em todo é verdade, mas
exemplos como Edir Macedo, R.R. Soares, Silas Malafaia e da Bispa Sônia não são
exceção, mas regra.
A intimidação nas seitas neo-pentecostais se dão de forma
que o seguidor de tais seitas se vê obrigado a contribuir, e nem todos recebem
as bênçãos prometidas. Há seitas que dizem que demônios se apossarão do corpo
de fiéis, caso eles abandonem a seita. É a armadilha perfeita para que os fiéis
sejam aprisionados nessas seitas, a final todo mundo quer ficar rico e ninguém
quer ficar com um demônio no corpo.
Os movimentos apocalípticos usam também da intimidação
das pessoas para captar e manter os fiéis. O discurso é simples, assim como o
neo-pentecostal: O mundo vai ser destruído e posteriormente reconstruído, assim
como no Gênesis, mas só desfrutarão da “Nova Terra” os que aceitarem a doutrina
e seguirem a seita. Utilizam-se de uma série de fenômenos da natureza e ações
humanas, bem como de passagens escritas no Livro de São Mateus na Bíblia que
fazem parecer que esse evento catalítico que levaria a um eventual colapso do
planeta está acontecendo e não se demorará a terminar.
Os encarregados de difundir esse discurso exigem pressa
em as pessoas aceitarem a doutrina e exigem desprendimento material para que
mais pessoas conheçam essa mensagem. Há uma seita apocalíptica que prega desde
meados do século XIX que o mundo está por terminar e que apenas os que seguem
fielmente a doutrina da seita desfrutarão da “Nova Terra”. A Guerra de Secessão,
as Guerras Mundiais, os avanços na ciência, as leis e normas sociais cada vez
mais liberais foram e ainda são utilizadas como argumentos de intimidação de
fiéis. As mudanças climáticas, as crises e mudanças econômicas são tidas como
sinais de um apocalipse próximo.
Ambos os movimentos não passam de movimentos de
manipulação de mentes, que visam manter o status-quo, a Ordem Social Vigente. A submissão
ao imperialismo e à supremacia da burguesia são pregados constantemente, assim
como o racismo, a homofobia e a submissão feminina. A miscigenação e a homo-afetividade
são combatidas com freqüência, e qualquer atitude que destoa do que é pregado
pela seita é demonizado. Qualquer incômodo é motivo pra a criação de uma nova
seita, o que mostra a individualidade de tais seitas, embora diversas todas têm
um objetivo comum, e este não é levar a “salvação” a todos, mas acumular
riqueza para seus líderes maiores.
Ambos os movimentos de seitas, tanto os apocalípticos
quanto os neo-pentecostais não passam de empresas, que se utilizam da
ingenuidade de muitos para progredir. A maioria dos que seguem tais seitas
estão sendo inconscientemente lesados a cada reunião, tiram do próprio sustento
o que vai para o bolso do Pastor, ou Bispo.
Não seria de assustar se tais seitas possuíssem CNPJ e
trouxessem ao final de suas siglas um SA ou Ltda. Por que muitas delas, ou
sendo mais enfático, todas elas não passam de empresas, multinacionais
religiosas que usam de intimidação e da manipulação de mentes para enriquecer
seus donos formando o que pode-se chamar tranquilamente de Negócio da Fé. O que
não vem a ser um negócio da China, mas um negócio do Brasil ou do Ocidente
Dominante (Europa Ocidental e América do Norte).
A Bíblia diz que o conhecimento da verdade libertará o
homem do que o aflige. Muitas seitas dizem ser verdade apenas o que elas
pregam, a interrogação surge quando a seita é pautada em mentiras, o que é
comum a quase todas. É certo que aquele que desfaz-se de bens não gera riqueza
com esse ato, ao contrário.
A riqueza só é gerada a partir da fusão de trabalho com
uma riqueza prévia, denominada capital, não da doação desse capital. É certo
também que a serie de eventos ocorridos no último século só tiveram a dada
projeção pela facilidade com que a informação é difundida. Mas as guerras
existentes em períodos anteriores eram muito mais sangrentas e frequentes, as mudanças
climáticas que ocorrem neste início de século ocorreram com a mesma intensidade
que outras e também foram resultado da ações dos seres vivos.
O mundo não vai ser destruído nessa primeira metade de
século, nem em outra época, da mesma forma que não foi em 1844, nem em 1945,
nem em 2000 ou 2012. O avanço científico, os fenômenos da natureza não
significam que o planeta vai ser destruído. Nem doar o que seria destinado ao
sustento de sua família para o sustento da família do líder religioso gera
progresso financeiro para o doador, gera riqueza e progresso para o líder que
arrecada essa doação.
A religiosidade tem sido um dos maiores males para a
sociedade. É inegável que guerras foram evitadas e o pão chegou a muitos graças
a ela, muitos saíram e uma vida marginal graças a ela. Mas o modo como tem sido
utilizada, não levando o homem a uma retidão, mas à extorsão, à corrupção, a
meios ilícitos de obter riqueza, faz dela uma praga moral, um câncer em uma
sociedade em agonia, uma força que se opõe à evolução natural da humanidade.
Pois alimenta preconceitos e segregações, impede a liberdade individual, a
autonomia ideológica e o progresso da ciência.
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