Frase da semana

A manifestação popular é a legitimação da democracia (Dilma Roussef)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sobre a corrupção, a alienação e o ludíbrio em nome da obra de Deus


Boa parte dos brasileiros dedicam suas vidas a atividades em igrejas. A palavra “de Deus” tem sido levada a todos os cantos da Terra e cada vez mais pessoas tem aceitado-a. Não só no Brasil mas em muitos países os movimentos religiosos têm crescido em proporções estratosféricas, em momentos de crise ou opressão movimento de apego ao sobrenatural são a única forma de esquecer a situação presente. 

Marx em seus discursos já dizia que a religiosidade é o ópio das massas, e tinha razão, os momentos de culto ao deus adorado por uma religião é um momento no qual os devotos dos esquecem dos seus problemas e partilham a esperança de uma vida melhor, nesse ou em outro mundo.
Dois movimentos crescem assustadoramente no tocante às religiões cristãs, as seitas neo-pentecostais e as apocalípticas. A maioria não passa de empresas, cuja única função é enriquecer os seus líderes maiores ou os seus fundadores. Outras seguem o mesmo preceito da intimidação e da manipulação para disfarçadamente difundir essas doutrinas, e assim arrecadar mais fundos e aumentar os salários dos seus ministros, ou melhor, as cotas dos seus sócios. 
Essas seitas usam de palavras de intimidação, criam doutrinas infundadas e limite para seus participantes, de modo que estes se veem cada vez mais presos a essa doutrina e fazem dos princípios determinado por um líder religioso (nem sempre lúcido) os seus princípios de vida.
A intimidação e a manipulação são fortemente utilizadas em tais seitas como forma de captar e manter fiéis, e gerar receita de modo a manter os cofres sempre abarrotados. As seitas neo-pentecostais utilizam da Teologia da prosperidade, crença de que as bênçãos “divinas” serão obtidas nesse plano e se concretizam em riqueza material, para captar seguidores e gerar arrecadação. Nessas seitas o participante é intimidado a desprover-se de bens essenciais para manter uma cota de contribuição para a seita, como se esta fosse se refletir em progresso material para ele, ou para a difusão daquela doutrina. Não sabendo eles que o único destino desse dinheiro arrecadado é o bolso dos líderes das seitas.
O neo-pentecostialismo tem sido um ramo de negócios, já virou sátira nas mesas de botequins ou rodas de conversas: “quer enriquecer, abra uma igreja”. O que nem em todo é mentira, e nem em todo é verdade, mas exemplos como Edir Macedo, R.R. Soares, Silas Malafaia e da Bispa Sônia não são exceção, mas regra.
A intimidação nas seitas neo-pentecostais se dão de forma que o seguidor de tais seitas se vê obrigado a contribuir, e nem todos recebem as bênçãos prometidas. Há seitas que dizem que demônios se apossarão do corpo de fiéis, caso eles abandonem a seita. É a armadilha perfeita para que os fiéis sejam aprisionados nessas seitas, a final todo mundo quer ficar rico e ninguém quer ficar com um demônio no corpo.
Os movimentos apocalípticos usam também da intimidação das pessoas para captar e manter os fiéis. O discurso é simples, assim como o neo-pentecostal: O mundo vai ser destruído e posteriormente reconstruído, assim como no Gênesis, mas só desfrutarão da “Nova Terra” os que aceitarem a doutrina e seguirem a seita. Utilizam-se de uma série de fenômenos da natureza e ações humanas, bem como de passagens escritas no Livro de São Mateus na Bíblia que fazem parecer que esse evento catalítico que levaria a um eventual colapso do planeta está acontecendo e não se demorará a terminar.
Os encarregados de difundir esse discurso exigem pressa em as pessoas aceitarem a doutrina e exigem desprendimento material para que mais pessoas conheçam essa mensagem. Há uma seita apocalíptica que prega desde meados do século XIX que o mundo está por terminar e que apenas os que seguem fielmente a doutrina da seita desfrutarão da “Nova Terra”. A Guerra de Secessão, as Guerras Mundiais, os avanços na ciência, as leis e normas sociais cada vez mais liberais foram e ainda são utilizadas como argumentos de intimidação de fiéis. As mudanças climáticas, as crises e mudanças econômicas são tidas como sinais de um apocalipse próximo.
Ambos os movimentos não passam de movimentos de manipulação de mentes, que visam manter o status-quo, a Ordem Social Vigente. A submissão ao imperialismo e à supremacia da burguesia são pregados constantemente, assim como o racismo, a homofobia e a submissão feminina. A miscigenação e a homo-afetividade são combatidas com freqüência, e qualquer atitude que destoa do que é pregado pela seita é demonizado. Qualquer incômodo é motivo pra a criação de uma nova seita, o que mostra a individualidade de tais seitas, embora diversas todas têm um objetivo comum, e este não é levar a “salvação” a todos, mas acumular riqueza para seus líderes maiores.
Ambos os movimentos de seitas, tanto os apocalípticos quanto os neo-pentecostais não passam de empresas, que se utilizam da ingenuidade de muitos para progredir. A maioria dos que seguem tais seitas estão sendo inconscientemente lesados a cada reunião, tiram do próprio sustento o que vai para o bolso do Pastor, ou Bispo.
Não seria de assustar se tais seitas possuíssem CNPJ e trouxessem ao final de suas siglas um SA ou Ltda. Por que muitas delas, ou sendo mais enfático, todas elas não passam de empresas, multinacionais religiosas que usam de intimidação e da manipulação de mentes para enriquecer seus donos formando o que pode-se chamar tranquilamente de Negócio da Fé. O que não vem a ser um negócio da China, mas um negócio do Brasil ou do Ocidente Dominante (Europa Ocidental e América do Norte).
A Bíblia diz que o conhecimento da verdade libertará o homem do que o aflige. Muitas seitas dizem ser verdade apenas o que elas pregam, a interrogação surge quando a seita é pautada em mentiras, o que é comum a quase todas. É certo que aquele que desfaz-se de bens não gera riqueza com esse ato, ao contrário.
A riqueza só é gerada a partir da fusão de trabalho com uma riqueza prévia, denominada capital, não da doação desse capital. É certo também que a serie de eventos ocorridos no último século só tiveram a dada projeção pela facilidade com que a informação é difundida. Mas as guerras existentes em períodos anteriores eram muito mais sangrentas e frequentes, as mudanças climáticas que ocorrem neste início de século ocorreram com a mesma intensidade que outras e também foram resultado da ações dos seres vivos.
O mundo não vai ser destruído nessa primeira metade de século, nem em outra época, da mesma forma que não foi em 1844, nem em 1945, nem em 2000 ou 2012. O avanço científico, os fenômenos da natureza não significam que o planeta vai ser destruído. Nem doar o que seria destinado ao sustento de sua família para o sustento da família do líder religioso gera progresso financeiro para o doador, gera riqueza e progresso para o líder que arrecada essa doação.
A religiosidade tem sido um dos maiores males para a sociedade. É inegável que guerras foram evitadas e o pão chegou a muitos graças a ela, muitos saíram e uma vida marginal graças a ela. Mas o modo como tem sido utilizada, não levando o homem a uma retidão, mas à extorsão, à corrupção, a meios ilícitos de obter riqueza, faz dela uma praga moral, um câncer em uma sociedade em agonia, uma força que se opõe à evolução natural da humanidade. Pois alimenta preconceitos e segregações, impede a liberdade individual, a autonomia ideológica e o progresso da ciência.

Nenhum comentário: