Autoridades
do Egito adiaram a confirmação da data da primeira eleição presidencial desde a
saída de Hosni Mubarak do poder, no que seria um sinal de discordância entre as
lideranças políticas do país sobre o pleito.
Em uma entrevista coletiva convocada neste domingo, a comissão
eleitoral egípcia apenas expressou "esperança" de que o processo
possa ser concluído até o fim de maio
O
presidente da comissão, Faruq Sultan, disse a uma TV local que o problema está
na organização dos votos de egípcios que moram no exterior.
Mubarak deixou a Presidência em 11 de fevereiro de 2011, depois
de 18 dias de protestos populares, no quais morreram centenas de pessoas.
A junta militar que assumiu o poder enfrenta a permanente
contestação de manifestantes que exigem uma transferência de poder imediata aos
civis.
Eleições parlamentares já foram realizadas no Egito, formando um
congresso dominado por partidos islâmicos, principalmente pela Irmandade
Muçulmana.
Batalha nos bastidores
O correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne diz que era esperada
a confirmação de uma data em junho para as eleições, mas, depois de um longo
preâmbulo, a comissão meramente expressou suas esperanças para o cronograma.
Leyne diz que o atraso sugere uma batalha de bastidores sobre o
momento certo da entrega do poder aos civis.
O presidente da comissão disse à rede de TV Nile News que o
ministro das Relações Exteiores pediu mais tempo para organizar o voto dos
egípcios que moram no exterior.
Sultan afirmou que as candidaturas ainda precisam ser entregues
até 10 de março, e que o cronograma de votação deve ser divulgado depois disso.
De acordo com as regras definidas em um referendo no ano
passado, o presidente terá um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito uma
vez.
Mais cedo, o integrante da comissão eleitoral Ahmed Shams el-Din disse a
jornalistas que a eleição vai começar nos primeiros dias de junho e terminar na
última semana do mês, caso haja necessidade de segundo turno.
Pressão pela transição
A junta militar que governa o Egito, chamada Conselho Supremo das Forças
Armadas e liderada pelo marechal-de-campo Mohamed Hussein Tantawi, está sendo
pressionada para antecipar as eleições para maio.
No entanto, ela alertou que não vai se curvar às exigências para
acelerar o processo de transição, em meio a ameaças de uma campanha de
protestos por ativistas pró-democracia.
O Conselho prometeu entregar o poder depois da eleições presidenciais,
mas ativistas temem que ela venha a tentar manter sua influência.
Mubarak está sendo julgado sob acusação de ordenar a morte de
manifestantes, o que ele nega.
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