Essa frase ainda é usada em muitos lares como uma
metáfora para criticar as pessoas que são egoístas, egocêntricas e as que só
pensam em si, de modo que quando sobra tempo pensam apenas nelas mesmas. É um jargão
utilizado para refutar a atitude historicamente impregnada no DNA do
brasileiro.
O individualismo está em nossa cultura desde os primeiros
tempos, desde que o pensamento antropocêntrico foi trazido pelos europeus. Com o
vírus do capitalismo implantado em suas veias, movidos a interesses próprios
levaram os nativos do litoral bem como a ubirapitanga à quase extinção. O mesmo
aconteceu com o ouro, que serviu apenas para bancar os luxos de um certo Rei
José.
A famosa Lei de Gérson, que diz que devemos levar
vantagem em tudo, nos tornou tão individuais que pode-se tranquilamente dizer
que o brasileiro não existem, mas sim os
“brasileiros”, não digo isso no sentido positivo, de que devemos valorizar a diversidade
em todos os sentidos. Mas digo no sentido negativo, pois levamos a diversidade
ao extremo, chegamos à individualidade. Não formamos um país ou uma nação,
formamos um conglomerado de quase 200 milhões de indivíduos.
Nem se pode dizer que seria um formigueiro humano, como
São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador, isso porque formigas não desperdiçam
comida enquanto outras passam fome, formigas não se exibem luxuosamente
enquanto outras estão sem um teto ou com frio. Formigas não escravizam as outras.
Deveríamos nos envergonhar de ser brasileiro quando vejo
um mendigo na calçada e ignoramo-lo, quando não prestamos socorro a alguém para
não sujar o banco do carro. Quando dispensamos o afago de um familiar por um
telefonema com um amigo.
O brasileiro é solidário apenas no “Teleton” ou no “Criança
Esperança”, faz gestos solidários apenas para ganhar uma camiseta ou um adesivo
que diz: “eu ajudo a instituição X ou Y”, e o faz buscando a autopromoção. Aí pergunta-se:
o brasileiro, ou melhor, os brasileiros são mesmo um povo solidário, ou se a
farinha é pouca o meu pirão vem primeiro?
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