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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Farinha pouca, meu pirão primeiro


Essa frase ainda é usada em muitos lares como uma metáfora para criticar as pessoas que são egoístas, egocêntricas e as que só pensam em si, de modo que quando sobra tempo pensam apenas nelas mesmas. É um jargão utilizado para refutar a atitude historicamente impregnada no DNA do brasileiro.
O individualismo está em nossa cultura desde os primeiros tempos, desde que o pensamento antropocêntrico foi trazido pelos europeus. Com o vírus do capitalismo implantado em suas veias, movidos a interesses próprios levaram os nativos do litoral bem como a ubirapitanga à quase extinção. O mesmo aconteceu com o ouro, que serviu apenas para bancar os luxos de um certo Rei José.
A famosa Lei de Gérson, que diz que devemos levar vantagem em tudo, nos tornou tão individuais que pode-se tranquilamente dizer que  o brasileiro não existem, mas sim os “brasileiros”, não digo isso no sentido positivo, de que devemos valorizar a diversidade em todos os sentidos. Mas digo no sentido negativo, pois levamos a diversidade ao extremo, chegamos à individualidade. Não formamos um país ou uma nação, formamos um conglomerado de quase 200 milhões de indivíduos.
Nem se pode dizer que seria um formigueiro humano, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador, isso porque formigas não desperdiçam comida enquanto outras passam fome, formigas não se exibem luxuosamente enquanto outras estão sem um teto ou com frio. Formigas não escravizam as outras.
Deveríamos nos envergonhar de ser brasileiro quando vejo um mendigo na calçada e ignoramo-lo, quando não prestamos socorro a alguém para não sujar o banco do carro. Quando dispensamos o afago de um familiar por um telefonema com um amigo.
O brasileiro é solidário apenas no “Teleton” ou no “Criança Esperança”, faz gestos solidários apenas para ganhar uma camiseta ou um adesivo que diz: “eu ajudo a instituição X ou Y”, e o faz buscando a autopromoção. Aí pergunta-se: o brasileiro, ou melhor, os brasileiros são mesmo um povo solidário, ou se a farinha é pouca o meu pirão vem primeiro?

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